O anúncio foi feito em comunicado por uma comissão de trabalhadores e o Sindicato das Indústrias Petro-Químicas e Metalúrgicas de Angola (Sipeqma) explicou à imprensa que em cima da mesa estão salários por pagar conforme as disposições legais existentes - adequação da folha salarial às oscilações cambiais - e falhas no cumprimento dos mecanismos de avaliação e de progressão na carreira.

Segundo os trabalhadores, a Tuboscope explica os incumprimentos com a escassez de capital disponível, o que não corresponde à verdade, segundo afirmam.

Esta greve foi decidida em plenária de trabalhadores há cerca de duas semanas, depois de a empresa ter na sua posse há semanas um caderno reivindicativo que expõe aquilo que para os trabalhadores é essencial paa terminar o protesto laboral: o ajustamento dos salários face à desvalorização cambial desde Janeiro de 2018 e a melhoria de condições de trabalho.

Esta greve em Angola da subsidiária da National Oilwell Varco coincide com um período de grande conflitualidade laboral na empresa-mãe, que tem estado a despedir trabalhadores em todo o mundo com o objectivo de reduzir despesas e também tem em curso um programa de reformas antecipadas voluntárias.

A multinacional com sede em Houston está ainda a reprogramar toda a sua actividade, segundo noticiou a imprensa local, nesse mesmo contexto de redução de custos.

Esta crise, que é semelhante à crise sentida pelas empresas que operam na área dos serviços de apoio à exploração de petróleo, resulta da diminuição abrupta do preço do petróleo que ocorreu a partir de meados de 2014 e a subsequente diminuição da actividade nas plataformas.

Recorde-se que em Angola, por exemplo, mas também na generalidade dos países produtores, as plataformas foram, em grande número, parcialmente, ou totalmente, colocadas em stand by, o que retirou espaço e contractos às empresas que se dedicam ao apoio a estas infra-estruturas, nomeadamente as que fornecem equipamento e serviços, como é o caso da National OIlwell Varco e das suas subsidiárias espalhadas pelo mundo.

Em Angola estas empresas iniciaram um processo de emagrecimento há cerca de quatro anos, apoiadas em dados de organismos internacionais que apontam para uma diminuição progressiva da produção nacional, como é o caso da Agência Internacional de Energia (AIE), que estima, em relatório publicado o ano passado, que Angola passe de uma média actual de cerca de 1,4 milhões de barris por dia para apenas 1,29 milhões em 2023.

Isto, apesar dos esforços do Executivo para relançar a produção através de legislação específica para a exploração dos denominados campos marginais, com baixas acentuadas das taxas a pagar, ou ainda através de incentivos fiscais para as multinacionais que apostem no reforço da sua presença no país, ou ainda com o anunciado lançamento de concursos para pelo menos 10 novos blocos nas bacias do Namibe e de Benguela, os primeiros em mais de uma década a serem lançados.