Hoje, pouco depois da abertura, o Brent londrino, onde é estabelecido o valor médio das exportações angolanas, o barril estava a valer mais quase 0,5 por cento para transaccionar a 64 dólares, uma reviravolta face ao dia anterior, quarta-feira, quando chegou a estar a perder 1% por causa das notícias do outro lado do Atlântico, onde a indústria petrolífera norte-americana tinha anunciado um valor mais alto que o esperado para os seus stocks da matéria-prima.

Num cenário a raiar a perfeição, na perspectiva dos exportadores, especialmente daqueles com as economias mais dependentes do petróleo, aos cortes anunciados pela OPEP+ na passada sexta-feira, deveriam chegar boas novas das negociações entre os EUA e a China - as duas maiores potências económicas e os dois maiores consumidores planetários - para acabar a guerra comercial que travam há quase dois anos e que está a esmagar o crescimento económico global e ainda sinais de sucesso no "compliance" entre os membros relativamente aos cortes com os quais se comprometeram e que no passado se verificou terem ficado longe do rigor dos 100%.

Para já, a OPEP+, que, recorde-se, produz mais de 40 por cento do petróleo consumido no mundo, e tem entre os seus "sócios" os maiores produtores mundiais, desde logo a Rússia e a Arábia Saudita, que partilham o pódio com os EUA e ainda os outros do top 5, Irão, Iraque, ou ainda os gigantes africanos do "ouro negro", como a Nigéria e Angola, está a fazer a sua parte que é enxaguar o mercado que tem andado a registar elevados excessos de produção, muito por causa das subidas da extracção em países como os EUA e o Canadá.

Estes números agora divulgados pelos analistas da OPEP chegam em contramão com as anteriores previsões, que apontavam para um claro excesso de oferta, especialmente alimentado pela diminuição da procura no rasto da devastação económica gerada pela fricção tarifária entre Washington e Pequim, com um lado e outro da barricada a prometerem avanços negociais para este mês de Dezembro.

Na próxima semana são esperados resultados da ronda de negociações em curso e esse será o momento, se vier a ser cumprido esse calendário, onde o comportamento do petróleo para os próximos meses será estabelecido com um mínimo de rigor.

Isto, porque no caso de as "trade talks" entre os dois colossos económicos mundiais não desaguarem em resultados palpáveis, poderá daí surgir um novo rolo compressor de dúvidas e inseguranças para os negócios em todo o mundo, com a inevitável perda de valor da matéria-prima que alimenta o motor económico mundial.

Para já, cerca das 10:20 de hoje, o barril vendido em Londres estava a valer 63.98 USD, +0.41% que no fecho de quarta-feira, mas com uma clara tendência de subida.