"É um trabalho que vem sendo feito entre a justiça angolana e a justiça portuguesa", afirmou o chefe de Estado, citado pela Lusa.

João Lourenço, que respondeu a algumas questões dos jornalistas à margem da inauguração do novo Instituto Geológico de Angola, localizado nas cercanias da centralidade do Kilamba, Luanda Sul, e questionado se o Estado angolano sairá em defesa de Isabel dos Santos se estiverem em causa os seus interesses no estrangeiro, realçou que "os Estados defendem sempre a justiça, independentemente dos rostos que estejam em causa".

O Conselho de Ministros do Governo de Portugal aprovou, na quinta-feira, 02, a nacionalização dos cerca de 71% que Isabel dos Santos detém na empresa portuguesa Efacec Power Solutions, que estava no lote dos bens arrestados preventivamente pela justiça lusa no âmbito da cooperação com Angola. Um advogado da empresária já veio dizer que este desfecho é o resultado de uma acção "impensada" da justiça portuguesa.

Na conferência de imprensa onde este anúncio foi feito, o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, questionado pelos jornalistas sobre a quem seria paga a indemnização legal correspondente à quota de Isabel dos Santos, disse que essa é uma questão ainda por determinar visto que existe um arresto judicial sobre a posição da empresária na empresa.

"O Conselho de Ministros aprovou um decreto-lei que procede à nacionalização de 71,73% do capital da sociedade Efacec Power Solutions", anunciou o governante, acrescentando que o diploma fo Governo de Lisboa já fora aprovado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Recorde-se que a empresária angolana e filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, tinha colocado a sua quota na Efacec à venda, depois de Portugal ter aceitado cooperar com a justiça angolana no âmbito da acção judicial incida em Angola em Dezembro último, onde o Estado reclama o pagamento de uma dívida superior a 4 mil milhões de dólares.

Como o Novo Jornal tem noticiado, a empresária tem pela frente uma batalha judicial em Angola e Portugal no seguimento do caso Luanda Leaks que, na frente lusa, levou ao arresto da posição detida pela sociedade Winterfell, que é controlada por Isabel dos Santos, no que diz respeito à Efacec Power Solutions, mas que abrange ainda as suas contas pessoais e as suas posições accionistas noutras empresas, que vão das telecomunicações à banca.

Com esta iniciativa, o Governo de Lisboa pretende salvar a empresa e a sua importância estratégica no sector exportador tecnológico da mobilidade eléctrica, entre outros.

O ministro Siza Vieira avançou ainda na mesma ocasião que a reprivatização dos 71 por cento que eram de Isabel dos Santos será feita de imediato e que existem vários interessados no negócio.

Nâo foram revelados valores para este "negócio".

O ministro da Economia português disse ainda esta decisão foi forçada por causa de um "impasse accionista" que estava a prejudicar o desempenho da empresa que, segundo o governante, tem mercado e futuro e não tem um entrave relevante gerado por dívidas e é estratégica para o sector exportador.

Entretanto, a imprensa portuguesa divulgou a primeira reacção de um advogado da empresária, que disse que este desfecho resultou de "impensadas e desnecessárias actuações judiciárias portuguesas".