No mais recente relatório sobre a economia de África, enviado aos investidores, pode ler-se: "Esperamos que o Produto Interno Bruto ressalte para 2% em 2017 e para 2,5% em 2018".

"Isto seria bastante fraco pelos padrões históricos, mas seria, ainda assim, uma melhoria significativa face à recessão de 2016", registam também os analistas, que indicam, no entanto, que os maiores riscos na previsão apontam para um cenário pior.

"Se a taxa de câmbio oficial rapidamente convergisse com a taxa de câmbio paralela, os custos de pagamento da dívida iriam disparar", lê-se no relatório sobre o terceiro trimestre das economias africanas citado pela Lusa.

"A fraca qualidade das estatísticas angolanas levanta o sério risco de as coisas estarem piores do que parecem inicialmente", lembrando que "os números oficiais do PIB foram significativamente revistos em baixa no princípio deste ano", escrevem, por outro lado, os analistas.

O documento refere-se à revisão relativamente aos primeiros três trimestres do ano passado, que apontam para uma recessão média de 4,7%, não havendo ainda números oficiais para o último trimestre, o que significa que não há dados oficiais ainda para o crescimento económico angolano no conjunto do ano de 2016.

Para este ano, a Capital Economics estima que a economia cresça 2%, "mas o risco de problemas sérios com a dívida está a crescer", apoiado no abrandamento da economia, na manutenção dos preços baixos do petróleo e nos custos de financiamento da dívida dos países africanos, que aumentaram desde 2014.

"Antevemos um preço do petróleo acima do valor do ano passado, aumentando as receitas domésticas e melhorando a posição da balança de pagamentos", lê-se no relatório, que prevê também que as grandes desvalorizações monetárias façam já parte do passado.

No princípio do ano, a Capital Economics alertava para as probabilidades que Angola tinha de enfrentar uma crise como a de Moçambique, que entrou oficialmente em "default" em Fevereiro.

"Dado o opaco e muitas vezes sigiloso Governo, é o país mais provável de lançar uma surpresa ao estilo de Moçambique, anunciando que as coisas estão muito piores do que os números oficiais sugerem", disse John Ashbourne, analista da consultora britânica, e responsável pelo departamento africano.

Em declarações à Bloomberg no seguimento do incumprimento financeiro de Moçambique, o analista da consultora Capital Economics argumentou que Angola, a terceira maior economia africana depois da Nigéria e da África do Sul, "tem uma economia em dificuldades, uma moeda sobrevalorizada e volumes excessivos de dívida pública e privada".