Segundo uma nota divulgada pela Angop, este processo arrastou-se durante um largo período negocial com as empresas devedoras, onde estão os grupos Chicoli, ABC e STI, e referentes a dívidas em processos de crédito de Junho de 2019, sendo o pagamento referente a um destes grupos.

Esta nota da Recredit, conhecida na semana passada, sublinha ainda que estiveram envolvidas no processo negocial algumas instituições dependentes do Ministério das Finanças, como a AGT e o Grupo Técnico de Apoio ao Credor do Estado.

Recorde-se que o BPC é o maior banco estatal angolano mas está em falência técnica depois de anosa fio a conceder créditos sem garantias ou com garantias escassas.

O BPC enfrenta actualmente uma necessidade de recapitalização na ordem dos 1,08 mil milhões de kwanzas e vai voltar a beneficiar de uma injecção de capital público.

Para isso, a Recredit vai receber cerca de 950 mil milhões de kwanzas de crédito malparado do Banco Poupança e Crédito (BPC), para ser recuperado, de modo a que o Estado possa reaver os valores da recapitalização.

Entre 2015 e 2018, o Executivo já procedeu a uma recapitalização na ordem dos 500 mil milhões de kwanzas de títulos e, parte desse valor, na ordem de mais 200 mil milhões de kwanzas, está no stock da carteira do BPC, com maturidade de cerca de 24 anos e uma taxa de 5 %.

Segundo o secretário de Estado das Finanças e Tesouro, Osvaldo João, num encontro com a imprensa, em Março, como o Novo Jornal noticiou, a Recredit, instituição para recuperação crédito malparado, foi recapitalizada, há já algum tempo, com títulos de tesouro em cerca de 440 mil milhões de kwanzas.

"O Executivo antecipou esta necessidade, por isso, criou uma instituição dedicada à recuperação de instituições financeiras com níveis de malparado muito elevado", afirmou o secretário de Estado.

"O objectivo do Executivo é limpar o BPC do malparado que existe e transformar a instituição numa boa instituição e colocar a parte mais difícil ao serviço da Recredit, que vai cobrar este valor dos devedores", explicou o governante, acrescentando que o Estado vai desembolsar três mil milhões de dólares para recapitalizar o BPC e o Banco Económico.