Esta uma das mais importantes visitas de um Presidente africano à África do Sul em muitos anos porque em causa está o relacionamento entre as duas maiores potências económicas do continente africano e o risco sério de a diplomacia claudicar face à resposta dada por Abuja quando, a 01 e 02 de Setembro, centenas de imigrantes nigerianos na África do Sul foram atacados na vaga de violência xenófoba que varre o país.

Nessa resposta, o Governo de Buhari colocou vários aviões no ar para permitir aos cidadãos nigerianos que quiseram regressar ao seu país para fugir das agressões, ao mesmo tempo que uma onda de protestos surgiu nos meios artísticos e as forças de segurança tiveram de agir para evitar que os populares em fúria destruíssem lojas de empresas sul-africanas na Nigéria, como as do gigante das telecomunicações, MTN, do retalho, da Shoprite, embora, apesar disso, algumas tenham mesmo sido incendidas.

Há anos que imigrantes africanos são alvo da fúria popular na África do Sul, a quem o dedo é apontado para os responsabilizar pelo aumento do desemprego e pelo crescente empobrecimento do país, que já foi o mais rico de África e acaba de ser ultrapassado pelo Nigéria em volume de PIB.

O saque a lojas de nigerianos na África do Sul, algumas incendiadas de seguida, e a perseguição, que culminou com 12 mortos durante a semana que duraram os tumultos no início de Setembro, embora nenhuma das vítimas mortais tenha sido nigeriana, levou a uma inédita resposta da Nigéria, que boicotou um importante fórum económico na-africano na Cidade do Cabo, sendo esse gesto seguido por outros países, abrangendo ainda acontecimentos desportivos.

"Apelamos de forma clara ao fortalecimento das medidas necessárias para prevenir que estes actos voltem a ter lugar", disse, citado pelos sites de notícias online dos dois pa"sies, Muhammad Buhari no arranque das conversações com o seu homólogo sul-africano, Cyril Ramaphosa.

Buhari lembrou que no seu país foram tomadas medidas eficazes contra aqueles que se manifestaram de forma violenta contra os acontecimentos na África do Sul, nomeadamente aos interesses sul-africanos na Nigéria.

Na resposta, Ramaphosa, sem se referir à natureza xenófoba do problema, voltou a condenar de forma veemente os ataques a estrangeiros no seu país: Nós condenamos de forma clara todas as formas de intolerância e não hesitaremos em agir contra actos criminosos e contra a violência".