Frankline Ndifor, que dizia poder curar os doentes da Covid-19 colocando as suas mãos nas suas cabeças, morreu desta doença em Douala, a capital económica dos Camarões, na segunda-feira, 16, menos de uma semana depois de ter sido diagnosticado com a infecção.

A polícia camaronesa viu-se obrigada a usar a força para entrar na casa onde estava o seu corpo porque o seu "rebanho" estava a tentar fechar o acesso às autoridades que tinham pressa em evitar que a casa do pastor se transformasse num foco da pandemia da Covid-19.

Este pastor, sobejamente conhecido nos Camarões por ter sido candidato às últimas eleições Presidenciais, em 2018, levou centenas de pessoas a dirigirem-se para a sua casa, segundo noticiaram os media locais, para entoarem canções religiosas onde, numa delas, garantiam que "O Profeta", como também era conhecido, não estava morto e que em breve regressaria ao convívio dos mortais.

No entanto, Frankline Ndifor, de 39 anos, acabou mesmo por ser sepultado num terreno em frente à sua residência por elementos da equipa camaronesa especialmente criada para lidar com os casos de infecções pelo novo coronavírus, apoiada pelas forças policiais.

Os médicos que o assistiram informaram os media locais que a sua morte ocorreu menos de uma semana depois de ter sido diagnosticado como vítima da pandemia, momento que precedeu a sua afirmação pública de que era capaz de curar a doença.

Segundo relatos citados pelos jornalistas, só quando estava em agonia é que os membros mais próximos da igreja que dirigia, a Igreja dos Ministérios da Realeza Internacional, chamaram os médicos.

Os seus colaboradores mais próximos disseram, após a sua morte, que momentos antes de "parir" rezou por ele e por outros infectados.

Uma das possibilidades para que tenha sido infectado é que o pastor Ndifor tentou curar várias dezenas de pessoas que o procuraram, depois de ter anunciado que possuía a capacidade milagrosa da sua cura, com a colocação das suas mãos sobre asa cabeças dos doentes diagnosticados com a Covid-19.

Com a notícia da sua morte, o pânico instalou-se entre aqueles que estiveram na sua presença durante os últimos dias da sua vida e as autoridades camaronesas lançaram apelos nos meios de comunicação social para que essas pessoas procurem agora os serviços médicos de forma a serem testadas e poderem ter cuidados médicos se estiverem infectadas.

Para além de prometer a cura, Ndifor também ajudava os pobres, distribuindo sabão e máscaras para aqueles que não podiam suportar esses custos.