Manuel Augusto, que tem, na resolução desta crise no Lesoto, o primeiro desafio internacional desde que assumiu a pasta das Relações Exteriores com a entrada em funções do Governo do Presidente João Lourenço, saído das eleições de 23 de Agosto, reúne hoje com o Presidente sul-africano, Jacob Zuma, que lidera rotativamente a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), e que já mostrou publicamente o seu empenho pessoal na resolução do problema.

Esta deslocação de Manuel Augusto à África do Sul, resulta de Angola liderar actualmente o órgão de Defesa e Segurança da SADC, condição em que o ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino do Lesotho, Lesego Makgothi, foi recebido em Luanda no passado dia 20.

Em cima da mesa, para a conversa com Jacob Zuma, Manuel Augusto levará o resultado da conversa com o seu homólogo do Lesoto, Lesego Makgothi, com quem seguramente abordou a questão do envio de um contingente militar da organização regional com o objectivo de pacificar o pequeno reino montanhoso encravado na África do Sul.

O envio deste contingente militar foi abordado na Cimeira extraordinária de Chefes de Estado e de Governo da SADC, em Pretória, agendada por Zuma logo após o assassinato do chefe das Forças Armadas do país, a 05 de Setembro.

O envio deste contingente militar, que inicialmente será composto por algumas dezenas de elementos, incluindo oficiais de vários ramos e unidades de "inteligência", podendo depois chegar aos mil homens, deverá chegar ao Lesoto durante o mês de Novembro.

Logo após o assassinato do general Motsomotso, a SADC enviou uma delegação, onde estava inserido o ex-ministro das Relações Exteriores, Georges Chicoty, enquanto líder da troyka, com o objectivo de analisar a situação no pequeno reino.

Esta missão produziu um relatório que foi analisado na Cimeira de Chefes de Estado e de Governo convocada por Jacob Zuma, Presidente da África do Sul, na qualidade de presidente rotativo da SADC, em Pretória, da qual saiu a decisão de colocar uma missão militar no Lesoto por forma a acompanhar o desenrolar da crise e a assegurar que as investigações em torno do assassinato do comandante Motsomotso seguem o seu curso sem pressões.

Na mesma ocasião, a SADC, pela voz de Zuma, tornou público um veemente apelo à calma no pequeno reino, ao mesmo tempo que condenava de forma vigorosa o ataque que vitimou o oficial general.

Motsomotso foi assassinado no quartel das FA, em Maseru, capital do Lesoto, por dois militares adversários que irromperam pelo seu escritório à forma, provocando ainda a morte de um elemento da sua segurança pessoal.

Recorde-se que o Lesoto vive há vários anos uma profunda instabilidade política, envolvendo golpes militares e ainda outros assassinatos de generais, como foi o caso, em 2015, do antigo comandante das forças de Defesa do país, o brigadeiro Maaparankoe Mahao.

O assassinato de Motsomotso "não pode passar à margem das obrigações da SADC, especialmente quando aconteceu apenas dois anos depois do mesmo ter acontecido ao seu antecessor Maaparankoe Mahao", disse Zuma, citado pela imprensa do seu país.

"A crise no Lesoto não pode continuar para sempre como se fosse normal. Precisamos de uma decisão rápida e eficaz da SADC", notou ainda o Presidente sul-africano, acrescentando que a organização deve garantir que o país cumpre as suas indicações e resoluções, nomeadamente "as reformas nos sectores judicial, parlamentar, militar e público".