Jair Bolsonaro, do Partido Social Liberal (PSL) iniciou esta corrida como uma espécie de carta fora do baralho devido às suas claras tendências xenófobas e vagamente fascistas mas, por causa dos índices galopantes de criminalidade, à crise económica e à insatisfação com o mainstream político brasileiro, estava a registar ligeiras subidas nas intenções de voto...

Mas, na semana passada, naquilo que muito indicam como tendo sido um "golpe de teatro", Bolsonaro foi, alegadamente, esfaqueado no abdómen, estando ainda internado por causa disso, mas, por essa mesma razão, em clara roda livre nas sondagens, que o apontam já como uma séria possibilidade para substituir Michel Temer no cargo de Presidente da República.

E é este mesmo Bolsonaro que o nome que o PT indicar para substituir Lula da Silva como candidato vai ter de enfrentar, partindo muito atrás dos números que que o ex-Presidente tem registado nas sondagens mas que não pode usufruir porque a justiça eleitoral brasileira impede qualquer condenado em 2ª instância - como é o caso e, por isso, está preso a cumprir uma pena de 12 anos - de se candidatar a Presidente do país.

A decisão da direcção do PT tem de ser tomada até ao final do dia de hoje porque a justiça eleitoral brasileira acaba de negar um recurso que pedia mais tempo para substituir Lula da Silva como candidato do partido.

Ao mesmo tempo, o tribunal eleitoral confirmou que o final do prazo para o efeito é hoje, depois de ter votado por larga maioria o impedimento do nome de Lula da Silva.

O risco presente é o PT acabar por não apresentar um nome e ter de, posteriormente, indicar qual dos candidatos devidamente registados, vai apoiar nas eleições marcadas para 07 de Outubro.

Se o PT aceitar a decisão judicial, deverá, como já o admitiu, apontar o ex-ministro da Educação, Fernando Haddad (na foto), para o lugar que deveria ser de Lula, mas isso só depois de terem sido esgotadas "todas as possibilidades" até ao "limite do possível", fez, entretanto, saber a direcção do partido.

Porém, segundo a imprensa brasileira, o também ex-prefeito de São Paulo entre 2013 e 2016, já recebeu o apoio e a "autorização" de Lula para o substituir, o que dará ao PT mais espaço para avançar noutra direcção que não a do nome do antigo Chefe de Estado brasileiro.

Só que, com o agora , após o golpe da faca, mais visível Jair Bolsonaro a subir nas sondagens, Fernando Haddad, como já advertiram alguns analistas brasileiros, poderá ver-se esmagado por circunstâncias que o ultrapassam e, com isso, em caso de derrota, prejudicar a sua carreira futura, porque dir-se-á sempre dele que perdeu onde Lula ganharia de certeza e a sua sombra poderá persegui-lo durante anos.