O exercício antimíssil deverá ocorrer nas próximas duas semanas e surge aos olhos do mundo como mais um passo na escalada belicista na Península Coreana, onde a Coreia do Norte justifica há anos a sua corrida ao armamento nuclear balístico com a ameaça dos EUA, ao mesmo tempo que Washington alimenta o seu discurso de guerra apontando como justificação a "preparação" de Pyongyang para a guerra.

O anúncio deste exercício, que, tal como em situações similares anteriores, deverá ser recebido pelo regime de Kim Jong-un como mais um gesto de guerra, ocorre três dias depois de a Coreia do Norte ter lançado mais um míssil balístico - alegadamente com capacidade para levar consigo uma ogiva nuclear miniaturizada - sobre território japonês.

A Coreia do Norte tem dito sempre que estes testes de projecção de mísseis balísticos sobre o Japão servem para demonstrar que possui capacidade para atingir território norte-americano, nomeadamente as grandes cidades da costa do Pacífico.

Os EUA, por seu lado, e com destaque para as declarações de Donald Trump, têm alinhado na escalada da tensão com múltiplos exercícios militares em conjunto com a Coreia do Sul e com o Japão, mas a "arma" preferida do Presidente norte-americano tem sido a rede social Twitter, na qual já disse várias vezes que qualquer ataque de Pyongyang significará a destruição total da Coreia do Norte numa tempestade de "fúria e fogo" como o mundo nunca viu.

No entanto, os referidos exercício conjunto - EUA - Coreia do Sul e Japão - foram anunciados num relatório do Ministério da Defesa da Coreia do Sul, sublinhando o documento que tal visa preparar as forças para anular eventuais ataques lançados a partir do seu vizinho do Norte, pais com quem, recorde-se, se mantém oficialmente em guerra desde que foi assinado o armistício de 1953, sem que tenha sido concretizado ainda um acordo de paz sobre a histórica guerra da Coreia.

No entanto, aos olhos dos observadores internacionais, a grande questão que se coloca actualmente é saber se a não intercepção dos dois mísseis lançados sobre o território japonês no último mês, e sem possibilidade de saber se estavam ou não "armados", e se as intenções não eram de ataque ao país, significa que essa capacidade não existe ou se se tratou de uma opção deliberada para também estudar o alcance do projéctil e a sua composição a partir dos destroços recuperados do mar.

Para já, há quem defenda que a resposta dada por estes exercícios é que não, que não existia tal capacidade de interceptar os foguetes balísticos de Pyongyang e que a partir deles passará a haver.

A par destes exercícios, o documento do Ministério da Defesa sul-coreano junta ainda informação sobre a deslocação de mais material sofisticado para a defesa do país fornecido pelos EUA, incluindo também a deslocação de meios navais ara a região.

A única certeza que existe nesta tensão latente é que, até agora, sempre que um dos lados da um passo, o outro procura sempre dar dois, o que, se assim continuar, inevitavelmente, ambos estarão cara a cara...

E se a guerra estalar é real a possibilidade de terminar no recurso a armas nucleares, como têm alertado analistas e governantes sul-coreanos, cuja capital, Seul, está a escassas dezenas de quilómetros da fronteira com a Coreia do Norte, dentro do raio de alcance das suas centenas de peças de artilharia pesada.

Tudo porque é admitido como incontornável a morte de dezenas de milhares de habitantes de Seul no caso de uma guerra deflagrar de facto. O mesmo ocorrerá seguramente do lado Norte da Península Coreana.