Johnson tem sintomas leves e vai entrar em auto-isolamento em Downing Street, residência oficial do primeiro-ministro e sede do governo britânico.

A notícia foi também avançada pelo próprio primeiro-ministro num vídeo publicado na sua conta do Twitter em que diz que seguirá na liderança do governo e nos seus esforços para lidar com a crise da pandemia global.

"Nas últimas 24 horas, desenvolvi sintomas leves e tive resultado positivo para coronavírus (...) Estou ta trabalhar a partir de casa, em auto-isolamento, e essa é absolutamente a coisa certa a fazer. Mas, não tenham dúvidas que, graças à magia da tecnologia moderna, posso continuar a comunicar com minha equipa e a liderar o esforço nacional de combate ao coronavírus", afirmou no vídeo.

"Quero agradecer a todos os envolvidos e, claro, aos trabalhadores do NHS [sistema público de saúde britânico]."

Johnson foi testado para coronavírus em Downing Street por uma equipa do NHS sob orientação de Chris Whitty, a autoridade clínica do governo inglês.

O ministro da Saúde britânico, Matt Hancock, confirmou hoje também ter contraído a covid-19, horas depois de o primeiro-ministro, Boris Johnson, ter anunciado estar em isolamento por o teste ao vírus ter sido positivo.

No início da semana, o príncipe Charles, de 71 anos, teve igualmente resultados positivos no teste de coronavírus.

Segundo Patrick Vallance, consultor científico do Governo britânico, só será possível conter o impacto da doença se parte da população a contrair e criar-se, desse modo, resistência à doença, "que provavelmente regressará todos os anos".

Para Patrick Vallance, 60% dos britânicos terão de contrair o vírus para diminuir o impacto da doença, "que provavelmente regressará todos os anos", através da imunidade de grupo, isto é, a resistência a uma doença contagiosa.

Patrick Vallance defende, aliás, que o número de pessoas infectadas no seu país é muito superior aos números oficiais.

Estas declarações foram amplamente criticadas por um grupo de mais de duas centenas de cientistas para quem a "imunidade de grupo" é um problema.

"É quase impossível prever o que isso significaria em termos de custos humanos, mas, de maneira conservadora, estimamos que seriam dezenas de milhares de mortes e possivelmente centenas de milhares de mortes".

"A única maneira de tornar isso possível seria espalhar o contágio desses milhões de casos por um período relativamente longo, para que a saúde pública não seja prejudicada", defendem.

Além de que os especialistas não sabem dizer se os infectados com a doença ganham imunidade depois de se recuperarem - as primeiras evidências até agora apontam que sim, mas isso ainda não é uma certeza, acrescentando que uma mutação no vírus poderia tornar essa estratégia "completamente ineficaz".