A notícia é avançada pela edição brasileira do jornal El País, que escreve que na denúncia, um documento com 64 páginas, é requerida a responsabilização de Bolsonaro "por ignorar orientações técnicas nas acções relacionadas com a pandemia do coronavírus no Brasil.

O argumento é que o presidente brasileiro praticou crimes contra a humanidade quer por incentivar acções que aumentam o risco de proliferação do vírus quer por recusar-se a implementar políticas de protecção para minorias.

Para os mais de 60 sindicatos dos profissionais de saúde liderados pela Rede Sindical UniSaúde, os actos do presidente Bolsonaro durante a pandemia do coronavírus "expo~em a vida de uma populac,a~o a alto risco de sau"de e morte", considerando que existe "dolo" e "intenção na postura do presidente, quando adopta medidas que ferem os direitos humanos e desprotegem a população, colocando-a em situação de risco em larga escala, especialmente os grupos étnicos vulneráveis", escreve o El País.

Atitude que, segundo os signatários da queixa que deu entrada no TPI, acabou por trazer "consequências desastrosas" para o Brasil, com o "consequente crescimento da disseminação e total estrangulamento dos serviços de saúde".

Como resultado das decisões de bolsonaro, hospitais e unidades de saúde viram-se "sem as mínimas condições de prestar assistência às populações, advindo disso, mortes sem mais controles".

As organizações referem ainda, segundo o jornal, que além da insistência de Bolsonaro na recomendação do uso da cloroquina, apesar da falta de provas científicas de que o medicamento ajude os infectados com covid-19, que os vetos do presidente à obrigação do uso de máscara em locais fechados contribuíram para a disseminação da infecção.

A denúncia diz igualmente que Bolsonaro falhou na protecção das populações mais vulneráveis, como os indígenas e os quilombolas (comunidades criadas por escravos foragidos), ao vetar a obrigatoriedade do Governo federal brasileiro garantir água potável a essas comunidades durante a pandemia.

A covid-19 já provocou mais de 87 mil mortes e 2,4 milhões de infecções no Brasil no espaço de cinco meses.