Sem perder muito tempo com a admissão da interferência russa no resultado eleitoral, deixando apenas uma frase seca onde admite essa possibilidade, Donald Trump, como se viu nas televisões ontem, preferiu atacar a CNN, que foi quem primeiro se referiu aos documentos divulgados por um site conhecido pela excentricidade e sensacionalismo dos seus conteúdos, o BuzzFeed.

Trump apontou o dedo ao jornalista da CNN presente na conferência de imprensa, recusando-lhe o direito de fazer perguntas, acusando o canal norte-americano de ser um fabricante de notícias falsas e o site BuzzFeed de ser "esterco".

O que, de facto, fica para a história é que as acusações feitas pela campanha de Hillary Clinton de que os russos estavam a ter um papel no rumo das eleições, a favor do candidato Republicano, são agora admitidas pelo próprio.

Até porque a CNN já veio a público lembrar que, quando avançou com a divulgação dos documentos, também publicados no BuzzFeed, avisou que estava por ser feita a prova da sua autenticidade.

E fê-lo sem divulgar os tais documentos, referindo apenas que os serviços secretos norte-americanos teriam produzido uma síntese das 35 páginas em apenas duas, que foram entregues ao ainda Presidente Barack Obama e ao Presidente eleito, Donald Trump.

Mas Trump sabia o que queria com esta conferência de imprensa. E apontou as baterias à CNN e ao BuzzFeed, a quem acusou de serem responsáveis por notícias falsas, porque os "factos" relatados, garantiu, "nunca aconteceram".

Também o Governo de Vladimir Putin já veio afiançar que não possui quaisquer documentos comprometedores sobre Donald Trump... e este aproveitou para garantir que ter um bom relacionamento com o Presidente russo "é uma mais valia" e não um problema.

Se a boa relação com Putin não aguentar por muito tempo, Trump foi claro ao sublinhar que será "mais duro" para com o seu homólogo russo que alguma vez a sua adversária derrotada, Hillary Clinton poderia ser.

Pelo meio desta acalorada conferência de imprensa, que reuniu cerca de 250 jornalistas de todo o mundo na Torre Trump, propriedade do magnata do imobiliário e Presidente eleito, os serviços secretos não foram igualmente poupados.

Donald Trump acusou as secretas norte-americanas de poderem ter sido quem abriu as brechas por onde passou a informação, questionando-se se, afinal, estaria "num regime nazi" porque este tipo de coisas "era o que a Alemanha nazi fazia".