Apesar de esta declaração de emergência, que foi usada, por exemplo, por George Bush aquando os ataques ao World Trade Center, em 2001, e que é considerado uma espécie de recurso de última linha para as questões absolutamente fulcrais para a segurança nacional e da sua soberania, dar poderes extraordinários ao Presidente, a oposição tem ainda possibilidade de a reverter na Justiça se conseguir provar de forma inequívoca de que a segurança nacional não está em risco.

Face a esta declaração de Trump, feita na sexta-feira, que não poder ser tida como uma surpresa porque o próprio já tinha anunciado que a faria logo assim que viu a maioria democrata na câmara dos Representantes, que domina no Congresso, a rejeitar financiar-lhe o muro, a oposição do partido Democrata já fez saber que vai dar tudo o quetiver para dar em empenho na Justiça para o travar.

Os lideres democratas no Senado, Chuck Schumer, e na Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, teceram as mais duras críticas a Trump após o seu anúncio, prometendo lutar em todos os terrenos, da Justiça ao seio do povo norte-americano.

Nada que Trump já não estivesse à espera, porque minutos depois deter feito a polémica declaração de emergência, afirmou estar consciente de que iria ser processado judicialmente mas garantiu estar igualmente ciente de que vai ganhar essa batalha nos tribunais.

Batalha essa que se vai centrar-se, segundo analistas citados nos media norte-americanos, na ideia de que a segurança nacional não está em risco, ao contrário do que defende Trump, com a situação migratória actual existente na fronteira sul e que o muro, se chegar a ser construído, não será garante de que a imigração ilegal será travada totalmente.

Recentemente, no Congresso, Democratas e Republicanos chegaram a acordo para entregar 1,2 mil milhões dos cinco mil milhões de dólares que Trump queria para mandar erguer o muro, como um ligeiro sossego nesta "guerra" de forma a que fosse retomado o financiamento das agências federais, pondo fim ao chamado "shutdown".

Trump não é o único

Donald Trump recordou que vários presidentes utilizaram a figura do estado de emergência para financiar projectos eu o Congresso não apoiaria.

Desde 1976, os presidentes dos EUA declararam estado de emergência por 58 vezes, como por exemplo Barack Obama para combater o vírus H1N1 ou, antes, George W. Bush, a seguir ao atentado de 11 de Setembro, para recrutar reservistas para a guerra no Iraque.

Uma lista compilada pelo centro de investigação Brennan Center, citada pela Lusa, diz que Bill Clinton declarou 17 emergências nacionais, Bush 13 e Obama 12.

Contudo, os dirigentes do Partido Democrata dizem que Donald Trump, nesta situação, está a agir "ilegalmente", porque está a usurpar poderes de financiamento do Congresso, procurando pagar uma solução que foi rejeitada pelos congressistas.

Perante esta decisão, resta aos congressistas levarem a questão para os tribunais ou tentarem travar a decisão presidencial com maiorias qualificadas no Senado.