Na sua conta da rede social Twitter, Moussa Mahamat reagiu oficialmente, em nome da organização pan-africana, utilizando os mesmos vigorosos termos com que, por exemplo, a UA repudiou situações semelhantes na Gâmbia ou. Mais recentemente, no Zimbabué.

Esta manhã, como o NJOnline também noticiou, um grupo de militares de baixa patente, tomou de assalto a rádio estatal em Libreville, anunciado que as Forças Armadas tinham assumido o poder no Gabão.

Recorde-se que nos últimos anos a UA tem feito sucessivas reafirmações do seu empenho em não tolerar mais nenhuma alteração de poder em África fora das normas constitucionais como forma de colocar um ponto final nos históricos e repetidos golpes e tentativas de golpes de estado no continente africano para mudar em definitivo a sua imagem no mundo.

Golpe de estado abortado

A tentativa de golpe militar em Libreville foi abortada pelo grosso das forças armadas do Gabão depois de um jovem tenente, de nome Kelly Obiang, um dos comandantes da Guarda Republicana, ter dado a cara pela intentona ao ler um comunicado com os justificativos para a acção.

Horas depois do golpe - realizado quando o Presidente da República, Ali Bongo se encontra em Marrocos em tratamento médico -, um porta-voz do Governo, Guy-Bertrand Mapangou, vei dizer aos jornalistas que o golpe tinha falhado.

"O Governo está no activo e as instituições do país estão a funcionar normalmente", disse, tendo-se sabido logo a seguir que quatro militares tinham sido detidos.

O golpe terá falhado, segundo as agências, porque as chefias superiores das Forças Armadas não alinharam no plano dos militares de patentes inferiores, contra aquilo que chamam o "desgoverno" do Presidente Bongo.

O autodenominado Movimento Patriótico das Forças de Defesa e Segurança do Gabão, pelo qual o tenente Kelly Obiang, quando leu o seu manifesto, ladeado por outros dois militares, armados e vestidos com camuflados, deu a cara, alegou, como razão para o "golpe", a falta de condições de Ali Bongo para governar o país, devido ao seu estado de saúde física e mental. O Presidente gabonês foi transferido para o exterior depois de ter sofrido um ataque cardíaco em Outubro.

Pouco antes da leitura do comunicado na TV estatal, ouviram-se, segundo relatos das agências, tiros nas proximidades da estação.

Entretanto, a meio da manhã, a capital gabonesa estava calma e tudo indicava que a calma tinha regressado a Libreville.

Este golpe falhado ocorreu quando um contingente militar norte-americano foi enviado para este país, alegadamente por causa da sua localização estratégica face aos tenso processo eleitoral na República Democrática do Congo (RDC).

Ali Bongo, de 59 anos, sucedeu ao seu pai, Omar Bongo, que morreu em 2009, sendo que a sua família governa o país, rico em petróleo, há cerca de 50 anos.

As eleições que o reelegeram, em 2016, foram alvo de múltiplas acusações de fraude generalizada pela oposição, tendo degenerado em violentos protestos populares.

A pouca simpatia que Ali Bongo conta entre o povo é uma das razões pelas quais alguns analistas admitem que este caso pode estar, por ora, mitigado, mas dificilmente serão evitadas outras tentativas para depor o Presidente e, com isso, eleger um novo Governo que permita uma melhor distribuição das riquezas oriundas do sector petrolífero.