Foi acusada durante anos a fio de abusos contra subordinados e de levar uma vida faustosa à conta do saque das riquezas do Zimbabué, país que votou ontem, segunda-feira, em eleições Presidenciais, as primeiras sem a mão-de-ferro do seu marido, que foi destituído em Novembro do ano passado por um golpe militar, motivado pelos crescentes protestos populares devido a miséria crescente.

Protegida pelo regime que também manipulava, Grace Mugabe sempre se safou, dentro e fora de portas, de acusações judiciais, como era, até hoje, o caso que ocorreu em 2017, em Joanesburgo, quando atacou com um arame uma jovem modelo por esta estar no quarto com o seu filho.

Jacob Zuma, o então Presidente sul-africano, garantiu-lhe imunidade diplomática, que deveria ter sido extinta aquando da saída do poder do seu marido, Robert Mugabe, no Zimbabué, mas que foi mantido, à margem da lei, pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, como agora o veio afirmar um Tribunal Superior por não ser tal medida "consistente com a Constituição".

E foi essa medida agora considerada inconstitucional que manteve Grace afastada da barra do tribunal, porque a jovem modelo, Gabriella Engels, de 20 anos, tentou avançar com um processo judicial contra ela, bem como algumas organizações da sociedade civil e memso os partidos políticos da oposição.

Segundo a imprensa sul-africana, com esta decisão judicial de uma instância superior, a justiça sul-africana, através do Procurador que detém o processo, pode agora decidir avançar com o processo e mesmo avançar com um pedido internacional de extradição.

Caso não seja o Estado a fazê-lo, pode ser o advogado de Gabriella Engels a avançar com um processo particular, o que deixará sempre Grace Mugabe em maus lençóis, até porque a própria concessão inicial de imunidade não cumpriu com os requisitos internacionais, porque a sua estadia na África do Sul era de carácter particular, alegadamente em tratamento médico.