Após os ataques ao sistema petrolífero da Arábia Saudita da semana passada, tendo sido atingida a maior refinara do mundo, a de Abqaiq, e ainda um importante complexo produtivo em Kuhrais, as acusações sauditas e norte-americanas alvejaram o Irão, considerando que este país esteve por detrás dos ataques com drones e mísseis.

Isto, apesar de os disparos terem sido de imediato reivindicados pelos rebeles do Iémen, os Houthis, que há anos combatem o Governo local. Os guerrilheiros são apoiados pelo Irão e o Governo do Iémen é apoiado pela Arábia Saudita e pelos Emirados Árabes Unidos.

O Irão rapidamente negou a autoria dos ataques e recusou responsabilidades mesmo que tenha sido utilizada tecnologia iraniana, lembrando que se os Houthis usaram material - drones - produzidos no Irão, os sauditas também usam armamento norte-americano no Iémen, o que, pela mesma lógica, também os Estados Unidos estão a atacar o Iémen.

Em entrevista à televisão norte-americana CBS, o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Javad Zarif, veio admitir que não está confiante de que possa ser evitada uma guerra aberta, embora sublinhe que não será o Irão a iniciar uma guerra e que "quem começar uma guerra com o Irão, não será aquele que a vai terminar".

O que quer isso dizer, perguntou-lhe a jornalista da CBS. A resposta: "Quer dizer que não haverá uma guerra limitada", que é o mesmo que afirmar que um ataque ao Irão levará o fogo aos países vizinhos e a toda a região do Médio Oriente.

Quase ao mesmo tempo, as autoridades sauditas já vieram garantir que não vão atacar alvos no Irão enquanto durarem as investigações em curso, sendo que a ONU, a França e os Estados Unidos estão a conduzir inquéritos separados para averiguar da autoria dos ataques de 14 de Setembro.

O Irão condena ainda o envio de mais militares norte-americanos para as suas bases na Arábia Saudita com o intuito de reforçar as defesas aéreas do país.

Antes, o Presidente Donald Trump, que se tem mostrado mais cauteloso que o seu secretário de Estado, Mike Pompeo, que defende abertamente um ataque punitivo ao Irão, disse que esse mesmo ataque poderá acontecer mais tarde se se provar a culpa iraniana directa.

Ao mesmo tempo, afirmou que o nível de sanções contra o Irão passam a ser as mais severas algumas vez aplicadas a um país pelos EUA.

Mas Trump não está apenas a ser criticado pelo Governo do Irão, também internamente se levantam cada vez mais vozes contra o seu "fechar de olhos" para com as atrocidades cometidas pelos sauditas no Iémen, onde há quatro anos milhares de pessoas já morreram em ataques com armamento comprado aos EUA, sendo que esta guerra civil é já responsável pela mais severa crise humanitária em curso no planeta.

Uma das vozes que se levantaram contra Trump foi a de Nancy Pelosi, a líder do parlamento, democrata, que afirmou não ser á possível ignorar a tragédia no Iémen que está a ser alimentada com o apoio dos Estados Unidos.