Um depósito de 5 milhões de dólares foi parar, "misteriosamente", à conta do juiz-presidente do Supremo Tribunal do Quénia, avança a APR News, Agence de Presse Régionale.

Segundo esta fonte, quando foi informado da choruda entrada, David Maraga exigiu a sua devolução.

"Tenho o meu salário e isso basta. Esses 5 milhões de dólares não são meus, devolva-os ao remetente, seja ele quem for", terá ordenado o magistrado ao Kenya Commercial Bank, que o alertou para o depósito.

Embora a origem do movimento não tenha sido revelada, o mesmo tem sido descrito como uma tentativa de descredibilização, já que o depósito terá sido feito depois do veredicto de David Maraga sobre as Presidenciais, anuladas por irregularidades.

A eleição presidencial, que ocorreu a 8 de Agosto, "não foi conduzida de acordo com a Constituição", concluiu o juiz presidente do Supremo Tribunal do Quénia, acrescentando: "Sobre a questão de saber se as ilegalidades e as irregularidades afectaram a integridades da eleição, o Tribunal é da opinião que é este o caso".

A decisão de anulação das eleições, que é definitiva, foi aprovada pela maioria dos juízes e apenas dois foram contra, num total de sete (um esteve ausente por doença).

O juiz presidente do Tribunal disse que a Comissão Eleitoral "falhou, negligenciou ou recusou" conduzir as eleições de acordo com a Constituição, citando irregularidades na transmissão dos resultados.

A decisão promete continuar a fazer correr muita tinta, tendo sido lançada, entretanto, uma petição para afastar David Maraga.

A iniciativa, liderada pelo deputado municipal Ngunjiri Wambugu, foi apresentada junto da Comissão queniana para o Serviços Judiciais, a quem compete investigar as queixas contra os profissionais da Justiça.

De acordo com a denúncia, entregue ontem e extensiva a 14 páginas, o Supremo Tribunal, sob liderança de David Maraga, tem sido financiado e instrumentalizado por um grupo de organizações não-governamentais opositoras do Presidente Uhuru Kenyatta, que viu a sua reeleição ser anulada.

As alegações serão analisadas por um colectivo de 11 membros, sobretudo juízes e outros profissionais de justiça, que têm nove dias para deliberar.