Depois de no ano passado o Tribunal Federal de Lagos ter ordenado o confisco de várias contas bancárias ligadas a Diezani Alison-Madueke, ex-ministra dos Petróleos da Nigéria e primeira mulher a liderar os destinos da OPEP (2014-15), a Justiça nigeriana enceta diligências para levar a antiga governante à barra dos tribunais.

Os esforços conduziram à emissão, na passada terça-feira, 4, de um mandado de detenção contra Alison-Madueke, com ordem de execução em 72 horas. O prazo termina esta sexta-feira, 6, mas ameaça esbarrar na intervenção das autoridades do Reino Unido, país para onde a ex-governante se mudou e onde também está a ser alvo de investigações. Aliás, a antiga ministra chegou mesmo a ser detida em Inglaterra, tendo sido libertada sob caução, no âmbito de um escândalo de corrupção e branqueamento de capitais.

O processo britânico, em curso desde 2015, está contudo a mover-se demasiado lentamente para as pretensões políticas, face à proximidade das eleições gerais, marcadas para Fevereiro do próximo ano.

Na corrida para um novo mandato, o Presidente Muhammadu Buhari - que tem feito da luta contra a corrupção uma das suas principais bandeiras - não quer desperdiçar o "trunfo" de um julgamento contra a ex-ministra, acusado de ter facilitado contratos petrolíferos em troca de subornos.

No centro das suspeitas está um património de mais de 144 milhões de dólares, do qual fazem parte um iate de 80 milhões de dólares, um apartamento de 50 milhões de dólares em Nova Iorque e uma propriedade de 14,6 milhões de dólares no Reino Unido.

Já na Nigéria, alguns dos bens da antiga governante acabaram confiscados pela Justiça, incluindo uma moradia avaliada em 37,5 milhões de dólares, num dos bairros mais nobres da cidade de Lagos.

A acção da Justiça nigeriana traduziu-se igualmente no congelamento de 153 milhões de dólares, alegadamente provenientes de desvios do erário público.