A informação foi transmitida por um dos mais influentes líderes religiosos da Nigéria, o Emir de Kano, uma província de maioria muçulmana no Norte do país, Muhammadu Sinusi II, que explicou ser objectivo desta lei impedir que os homens que não demonstrem possuir fortuna suficiente para terem mais que uma mulher, fiquem impedidos de o fazer.

O religioso justificou a medida legislativa com a relação que existe entre a pobreza e o terrorismo e o facto de o casamento com mais de uma mulher e o número elevado de filhos que essa situação gera, estar ligado à pobreza e à dificuldade de as famílias deixarem a condição de pobres.

A Nigéria, um dos países com mais muçulmanos em África, apesar de só o Norte constar de regiões maioritariamente islâmicas, porque o Sul do país é de maioria cristã ou animista, vive há vários anos problemas sérios de terrorismo, essencialmente praticado pelo grupo jihadista Boko Haram.

As autoridades de Abuja sabem também que a maior parte dos elementos deste grupo terrorista são pobres e que os bombistas-suicidas são quase sempre rapazes ou raparigas sem instrução e facilmente enganados pelos membros do Boko Haram.

Mas esta lei tem ainda uma vertente social importante no que toca aos costumes locais, porque vai regular questões como o divórcio, o casamento com consentimento, entre outros.

O governador do Banco central da Nigéria foi uma das vozes que se fez ouvir em defesa desta lei, lembrando que, no país, toda a gente conhece as "consequências do casamento de homens pobres com quatro mulheres", porque já toda a gente viu que dai resulta "o casamento com quatro mulheres e 20 filhos que não podem cuidar", acabando estes "abandonados nas ruas, sem educação" e com o fim conhecido que é acabarem "nas fileiras do terrorismo e da criminalidade".