O corpos contidos nestas valas comuns resultaram dos confrontos entre as forças de segurança congolesas e os milicianos de Kamwuina Nsapu, um antigo chefe tradicional morto em Agosto de 2016 pelas Forças Armadas da RDC (FARDC), que se sublevou contra o poder de Kinshasa.

Ao todo, segundo o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, já foram descobertas 40 valas comuns nestas duas províncias da RDC.

O conflito entre as milícias de Nsapu e as FARDC já provocou, desde Julho de 2016 até hoje mais de 400 mortos, entre estes dois funcionários da ONU, de nacionalidade sueca e norte-americana, tendo ainda obrigado cerca de um milhão de pessoas as abandonarem as suas casas, tendo, segundo as agências humanitárias, cerca de 15 mil encontrado refúgio em território angolano.

Estas valas comuns são o espelho da violência que grassou nesta região da RDC, com situações de puro terror pelo meio, como foi confirmado por alguns vídeos divulgados nas redes sociais mostrando militares das FARDC a executar de forma sumária milicianos de Kamwina Nsapu, ou ainda os 42 polícias que apareceram decapitados, alegadamente por elementos das milícias, entre muitos outros.

Kamwina Nsapu inicou as hostilidades contra as forças do Governo de Kinshasa em Julho do ano passado, segundo a imprensa congolesa, porque não viu positivamente respondidas algumas exigências feitas ao Presidente Joseph Kabila, dando início a uma revolta de carácter tribal.

No entanto, na última semana, Kinshasa cedeu a algumas pressões da família "reinante", formalizando a sucessão de Nsapu pelo seu filho como chefe costumeiro e permitindo a exumação do corpo do antigo chefe para que fossem realizadas as cerimónias fúnebres tradicionais.

Com este passo, e depois do novo chefe ter sido designado, a tensão baixou.

Para já, tudo aponta que assim seja, que a paz se instale no Kasai, tendo o novo líder, sucessor de Nsapu, o seu filho Ntumba Mupala, apelado ao fim das hostilidades, à deposição das armas e ao regresso da ordem.

As dúvidas que subjazem resultam do facto de o pai do actual líder se ter revoltado também por razões autonomistas e não apenas por causa de formalidade ligadas à tradição local, para as quais obteve o apoio do seu povo (milicianos) e que agora o novo chefe não deve continuar.

Da resposta dos seus súbditos a esta alteração de política deve resultar a continuação da violência ou a normalização das províncias do Kasai e do Kasai Ocidental.