Fontes do Governo da RDC confirmaram as mortes dos dois especialistas ao serviço da missão das Nações Unidas no país, a MONUSCO, Michael Sharp e de Sahida Catalan, depois de oficiais da polícia se terem deslocado ao local onde os corpos foram encontrados.

Com os dois funcionários da ONU, foram ainda mortos um interprete local e três motoristas, igualmente contratados localmente.

Os dois especialistas da ONU estavam no Kasai a investigar as origens da violência que há mesas grassa naquela região, envolvendo as forças de segurança congolesas e os milicianos do líder tribal Kamwina Nsapu, que foi morto em Julho de 2016, em confrontos com a polícia.

Nsapu sublevou-se contra o Estado congolês e encetou um processo de ataques sistemáticos às instituições do Estado na província do Kasai, com dezenas de esquadras e outros equipamentos públicos incendiados.

Depois disso, os seus seguidores não pararam esta caminhada violenta e, em Outubro/Novembro do ano passado ocorreu um forte recrudescer da violência, que teve como ponto alto a invasão do aeroporto de Kananga, capital da província.

Recentemente foram divulgados vídeos mostrando alegados militares das FARDC a executarem de forma sumária cerca de duas dezenas de seguidores de Nsapu, facto que também estaria a ser investigado pelos especialistas da MONUSO agora encontrados mortos.

A estes episódios gravados em vídeo sucedeu-se outra situação de terror, com suspeitas recaindo sobre os homens de Nsapu, onde 40 polícias foram mortos e decapitados, sendo já mais de quatro centenas as mortes confirmadas desde Agosto de 2016.

Entretanto, segundo a Radio Okapi, estação da ONU na RDC, e um dos poucos órgãos de comunicação social no país empenhados na denúncia das atrocidades cometidas em todos os lados das muitas barricadas que existem no Congo-Kinshasa, o Governo de Joseph Kabila enviou para a região centenas de militares com a missão de fazer uma profunda limpeza nas hostes de Kamwina Nsapu.

A operação foi desencadeada nas últimas horas na área de Kananga, a pouco mais de 400 quilómetros do Dundo, na Lunda Norte, provocando a fuga das populações das aldeias onde decorrem os combates para as áreas mais populosas, como a capital provincial.

Esta pressão sobre as populações está a provocar uma procura de Angola como refúgio para a violência no Kasai, que faz fronteira com a Lunda Norte, tendo, há dias, ocorrido problemas na fronteira, havendo mesmo registo de agressões violentas a elementos angolanos de serviço na linha que separa os dois países.

Esse crescente clima de violência levou o governo provincial da Lunda Norte a criar uma comissão multissectorial para garantir assistência logística a 374 refugiados congoleses, que entraram em Angola desde o início deste mês, para fugir aos confrontos registados na província congolesa do Kasai central.

Através de um comunicado, o governo da Lunda Norte, província por onde os refugiados entraram, informa que desses 374 cidadãos congoleses 208 foram encaminhados para localidades mais seguras do Congo, em coordenação com as autoridades locais, enquanto 166 ficaram sob protecção das autoridades angolanas.