As autoridades sanitárias congolesas e a Organização Mundial de Saúde (OMS) estavam quase a declarar extinta a epidemia que foi declarada a 01 de Agosto de 2018 mas, a 10 de Abril, sete semanas depois de ter sido notificado o último caso nas duas províncias mais afectadas, Kivu Norte e Ituri, no leste da RDC, mas essa declaração foi interrompida no último momento com o anúncio de uma nova cadeia de transmissão.

Um jovem de 28 anos, moto-taxista, que tinha sido testado positivo para a febre hemorrágica, e estava a ser tratado numa clínica criada especificamente para o efeito na cidade de Beni, no Kivu Norte, fugiu antes do fim do tratamento e gerou uma nova cadeia de transmissão, o que impediu o Ministério da Saúde e a OMS de declararem extinta a epidemia.

Recorde-se que esta é a segunda mais grave epidemia de Ébola desde que este vírus foi descoberto em humanos, em 1976, em dois surtos em simultâneo, na RDC, junto ao Rio Congo, Yambuku, nas margens do Rio Ébola, que lhe deu o nome, na província do Equador, e no sul do Sudão, na localidade de Nzara, tendo os investigadores concluído em ambos os casos que, tal como o novo coronavírus descoberto na China em 2019, que resultou na Covid-19, o vírus chegou aos humanos através do consumo de carne de animais selvagens.

A mais grave epidemia de sempre surgiu em 2013/14, na África Ocidental, Serra Leoa e Libéria, que matou mais de 11 mil pessoas e deixou dezenas de milhar incapacitados, para além de uma região economicamente devastada, incluindo a Guiné Conacri e o norte da Nigéria.

A OMS teme agora que a infecção possa reemergir com mais vigor a partir do paciente que fugiu da clínica em Beni, depois de dois anos de esforço internacional para conter e debelar a epidemia desta que é a mais mortífera de todas as febres hemorrágicas conhecidas.

Pelo menos seis pessoas foram entretanto testadas positivamente depois de terem contactado com este indivíduo.

Os esforços estão agora concentrados em encontrar este indivíduo de forma a tirá-lo do contacto com a comunidade para impedir o recrudescimento da doença, especialmente agora que a RDC, bem como os países do continente, se debate com a pandemia da Covid-19, que está a concentrar os esforços dos sistemas de saúde e dos recursos humanos e financeiros, o que pode gerar fragilidade no sistema de controlo que permitam a expansão do vírus do Ébola não só no leste da RDC mas também nos países vizinhos.

Todavia, esta tarefa está agora mais facilitada para as equipas no terreno desde que foi criada a vacina com substancial eficácia para conter os surtos, desde que seja possível chegar a todos aqueles que com ele contactaram.