Joseph Kabila iniciou hoje um conjunto de reuniões com todas as formações partidárias e organizações da sociedade civil e religiosas envolvidas nas negociações para a transição política, estimando, segundo o anúncio feito na conta do Twitter da Presidência congolesa, terminar estas reuniões no final do dia de terça-feira.

Esta iniciativa de Kabila surge depois de a Conferência Episcopal ter tomado a decisão de dar por terminada a sua mediação nas negociações entre a Maioria Presidencial (MP) e a oposição, alegando que o impasse que se mantinha era sinónimo de falta de vontade de fazer avançar o processo com vista à definição de um mapa claro para a transição política em curso na RDC.

Os bispos católicos foram, de forma clara, mas duas, peremptórios em mostrar o seu descontentamento com o curso das negociações quando, a 28 de Março reuniram com o Presidente da República, a quem disseram que a situação decorria da falta de vontade das partes em fazer avançar o processo.

O acordo de 31 de Dezembro foi resultado da crise eleitoral desencadeada após a decisão de Kabila em não realizar o registo eleitoral que deveria permitir que as eleições se realizassem em Dezembro do ano passado, às quais o Chefe de Estado não se poderia, nem poderá, candidatar a um terceiro mandato, conforme determinação constitucional.

Os analistas da política congolesa, como se constata pela leitura da imprensa de Kinshasa,olham para estas consultas entre Kabila e as partes como uma das últimas oportunidades para uma transição pacífica, visto que a RDC está mergulhada em múltiplas crises, a política, resultando do processo eleitoral interrompido, militar, devido às diversas guerrilhas que operam junto às fronteiras com o países dos Grandes Lagos, e de sublevação interna, no Kasai, onde já morreram centenas de pessoas devido a confrontos entre os milicianos independentistas de Kamwina Nsapu e as forças de segurança.

Para estas conversações entre Kabila e a oposição estão sobre a mesa duas questões essenciais: quem vai ser o primeiro-ministro que chefiará o Governo de transição, indicado pela oposição, e o presidente do conselho de supervisão e vigilância para a aplicação do acordo, como consta do documento assinado a 31 de Dezembro.

Angola é um dos países mais interessados no desenrolar dos acontecimentos na RDC devido à extensa fronteira que une os dois países e o impacto directo que o regresso de um eventual conflito de larga escala teria no território angolano.