Numa reunião que teve lugar no Domingo, na Suíça, as principais figuras da oposição na RDC, optaram pelo nome de Martin Fayulu para enfrentar nas urnas o candidato do actual Presidente da República, Joseph Kabila, e seu antigo ministro do Interior, Emmanuel Ramazani, indicado pela Frente Comum para o Congo (FCC), uma plataforma política criada por Kabila.

Na Suíça, para tomar esta decisão, estiveram Félix Tshisekedi, líder do maior partido da oposição, a UDPS, o ex-vice-Presidente, antigo "senhor da guerra" e Senador congolês, Jean-Pierre Bemba, o homem de negócios e ex-governador do Katanga, Moise Katumbi, e ainda Adolphe Muzito, antigo primeiro-ministro, e Freddy Matungulu, economista e antigo ministro das Finanças.

Este encontrode Genebra, onde os intervenientes reflectiram também sobre um programa político comum, foi organizado com o apoio da Fundação Kofi Annan, que, tal como outros organismos internacionais, entende que o consenso entre a oposição é essencial para evitar que as coisas resvalem para a violência na campanha e no pós-eleições, como sucedeu em todos os actos eleitorais que definiram uma transição de poder na RDC desde que o país alcançou a sua independência, em 1960.

Quem é Fayulu?

Martin Fayulu é economista doutorado formado em França e nos EUA entre as décadas de 1970 e 1980, tendo integrado, tendo integrado o Grupo Mobil em 1984, onde esteve até 2003, tendo chegado a director-geral da petrolífera ExxonMobil na Etópia, tendo passado por cargos de responsabilidade na sede da companhia, nos EUA e no seu Departamento África.

Em 1990 forma o Movimento Político Fórum para a Democracia e Desenvolvimento (FDD), manteve uma actividade política intensa, tendo assumido um lugar no Alto Conselho da República em 1993, sendo deputado nacional desde 2006, mas com opção por se manter como membro da Assembleia Provincial de Kinshasa.

Em 2009 criou o ECIDE, pelo qual foi eleito deputado nacional nas eleições gerais de 2011.

A par da sua carreira política, não deixou, segundo o seu perfil oficial, de manter investimentos nos ramos da hotelaria, imobiliário e na agricultura.

Durante as manifestações violentas de 2016 onde milhares de pessoas exigiram nas ruas a saída do poder de Joseph Kabila, Fayulu foi gravemente ferido nos confrontos com a polícia, tendo sido internado durante vários dias.

Em Setembro de 2016, Kinshasa e outras grandes cidades da RDC foram palco de manifestações contra a admitida intenção de Joseph Kabila em não deixar o poder, adiando as eleições, cujo resultado se saldou em centenas de mortos.

Manifestações essas que se repetiram em 2017, com igual violência, porque, tal como em finais de 2016, Kabila voltou a adiar as eleições em finais do ano passado, o que lhe permitiu manter-se mais dois anos no poder do que aquilo que a Constituição congolesa permite.

O segundo e último mandato possível de Kabila terminou em Dezembro de 2016, e as eleições deveriam ter sido realizadas em Novembro desse ano.