A União para a Democracia e o Progresso Social (UDPS), maior partido da oposição na República Democrática do Congo (RDC) deverá, em breve, indicar o nome do primeiro ministro para o processo de transição política no país.

Esta possibilidade surgiu com o acordo assinado a 30 de Dezembro último entre a generalidade da oposição e a Maioria Presidencial (MP) do Presidente Joseph Kabila, com intermediação dos bispos congoleses.

A entrada da UDPS, liderada pelo histórico dirigente da oposição a Kabila, Etienne Tshisekedi, no acordo de Dezembro permite ao país olhar com mais certeza de que não haverá um regresso à violência generalizada porque é a força política com maior capacidade de mobilização popular.

Com a indicação do primeiro-ministro pela UDPS, como se espera que possa acontecer nas próximas 72 horas, segundo a imprensa de Kinshasa, fica sem efeito o acordo de Outubro de 2016, que definia o mapa da transição política na RDC provocada pela recusa de Kabila em sair do poder no fim do seu segundo é último mandato constitucionalmente permitido, a 19 de Dezembro.

Recorde-se que a RDC viveu nos últimos meses episódios de violência rara, primeiro em Setembro, quando milhares de pessoas saíram às ruas em protesto contra a não realização das eleições, e, depois, já em Dezembro, quando as ruas se encheram de opositores que exigiam a saída de Joseph Kabila do poder para abrir um verdadeiro período de transição política.

Todavia, com a intermediação dos bispos da Conferência Episcopal congolesa, foi possível encontrar uma nova plataforma de entendimento onde a UDPS entra no acordo, com os outros principais partidos que tinham ficado de fora do acordo de Outubro, tendo como contrapartida a garantia de que Kabila não procurará encontrar forma de se candidatar a um terceiro mandato e que deixa o poder até ao fim de 2017, com a realização de eleições gerais.

No anterior acordo, a data calendarizada para as eleições era em Abril de 2018.

Porém, ainda sem confirmação de um nome, indicado pela UDPS ou por outra força política do agrupamento de partidos da oposição, a RDC vive em alguma expectativa, como se depreende da leitura da imprensa congolesa, mas já sem a ameaça no horizonte da deflagração de novos confrontos entre opositores e a polícia.