O UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) sublinha que a RDC está actualmente a viver a 2ª maior epidemia de sempre de Ébola, apenas ultrapassada por aquela de devastou, entre 2013 e 2014, a África Ocidental, com incidência maior na Serra Leoa, Libéria e Guiné-Conacri.

Face às dificuldades no combate à epidemia, que teima em manter-se activa e em crescendo há seis meses, as equipas sanitárias das organizações internacionais têm chamado a atenção para o facto de se depararem com obstáculos duros de ultrapassar, como sejam os constantes ataques de grupos armados - guerrilhas e milícias - e as questões de carácter socio-cultural, como a resiliência aos tratamentos e à vacinação por indicação de curandeiros e feiticeiros tradicionais, bem como a insistência em rituais locais que impõem contacto físico entre os familiares e amigos e os mortos.

A par desta realidade, as equipas sanitárias, nacionais, deslocadas pelo Ministério da Saúde, e internacionais, como a Organização Mundial de Saúde (OMS) ou do UNICEF, que tem 650 técnicos no terreno, debatem-se ainda com uma enorme comunidade de deslocados e refugiados de países vizinhos, como o Uganda e o Ruanda, ainda fruto das convulsões da década de 1990, com destaque para o genocídio de Tutsis no Ruanda por parte da maioria Hutu.

Estes factores têm contribuído sobremaneira para a dispersão do vírus e para fragilizar as estratégias de contenção desta febre hemorrágica, cuja taxa de letalidade chega aos 90%.

Mas, apesar de ser significativo o contingente de combate à doença enviado para as duas províncias do leste da RDC, que fazem fronteira com países como o Ruanda e o Uganda, e por causa da gravidade desta epidemia, alguns analistas começam a apontar o dedo à comunidade internacional que teima em não agir em conformidade com a gravidade da situação.

Chamando mesmo a atenção para o facto de na epidemia da África Ocidental, a comunidade internacional apenas ter agido em força quando começaram a receber alguns dos seus nacionais que integravam as equipas sanitárias no terreno, infectados com o vírus.

E quando ameaça de dispersão da epidemia para países vizinhos se transformou numa realidade, tendo chegado, à época, a países como a Nigéria ou o Burquina Faso, o que levou a que surgissem movimentações mais alargadas e com maior enfoque no controlo da epidemia.