Naquela que é considerada a maior epidemia de Ébola na história da RDC, já se somam 419 casos, dos quais 372 foram confirmados em laboratório e 47 são prováveis.

O número de mortes prováveis é de 240 desde que se declarou este décimo surto, a 01 de Agosto, nas províncias de Kivu do Norte e Ituri, sendo que destas 193 tiveram resultados positivos, de acordo com dados oficiais de 25 de Novembro.

Além disso, pela primeira vez, uma epidemia de Ébola tem como epicentro uma zona em conflito, onde operam uma centena de grupos armados e movimentam-se diariamente milhares de pessoas que poderiam ter estado em contacto com o vírus, limitando a segurança e o trabalho no terreno das equipas de saúde.

Para travar o número de mortes, a organização não-governamental (ONG) Aliança para Acção Médica Internacional (ALIMA) anunciou na segunda-feira o lançamento - graças a um consórcio internacional coordenado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) - de um ensaio clínico terapêutico inovador no seu centro de tratamento na cidade de Beni, em Kivu do Norte.

Esta notícia é precedida pela aprovação, pelo comité de ética da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Kinshasa, de um protocolo de ensaios clínicos aleatórios com quatro tratamentos: mAb 114, ZMapp, Remdesivir e Regeneron.

Esses quatro tratamentos serão distribuídos aleatoriamente, sempre com o consentimento prévio do paciente ou de sua família e sem que o centro de tratamento possa escolher os pacientes, a fim de evitar qualquer subjectividade nos ensaios.

Esta última epidemia de Ébola constitui a mais grave de toda a história da RDC em relação ao número de casos, já que supera o recorde de 318 infecções registadas em 1976 durante o primeiro surto deste vírus em Yambuku, na província noroeste do Equador.

O vírus Ébola é transmitido através do contacto directo com sangue e fluidos corporais contaminados e fica mais virulento quanto mais avançado o processo, atingindo uma taxa de mortalidade de 90%.

A pior epidemia conhecida desta doença no mundo foi declarada em Março de 2014, com os primeiros casos que datam de Dezembro de 2013 na Guiné Conacri, de onde se expandiu para Serra Leoa e Libéria.

A OMS deu como encerrada a epidemia em Janeiro de 2016, após registar 11.300 mortes e mais de 28.500 casos, embora a agência da ONU tenha admitido que esses números podem ser conservadores.