"A democracia não é uma coisa boa para África", disse o músico de 70 anos ao britânico The Guardian.

A justificação para esta posição polémica, que o próprio explicou que nem sempre foi a sua, porque também ele "sonhou durante anos" com a chegada da democracia a África, resulta da constatação de que "a democracia só pode ser possível quando o povo percebe o que é a democracia".

E esse não é o caso, segundo Salif Keita, porque, dando o exemplo do seu país, o Mali, a maioria da população "não sabe nem ler nem escrever" e, por isso, "não tem como perceber a democracia".

Para o mais famoso músico africano, face ao cenário que o próprio descreveu, com elevadas taxas de analfabetismo em todo o continente, para África, a solução passaria por "uma ditadura benevolente".

Para ele, "é difícil ser uma boa pessoa quando se é corrupto" e, nos dias de hoje, "todos os políticos africanos são corruptos".

"Os africanos precisam de um ditador benevolente como o que acontece na China. Alguém que ame o seu povo, o seu país, e trabalhe para ele", disse o artista numa longa entrevista ao The Guardian, na qual diz estar "a caminho de casa", de regresso ao seu país, para voltar a ser um fazendeiro, que foi o que foi o início da sua vida.

Esta é a declaração, no original, publicado pelo jornal britânico, onde Salif Keita aborda a questão.

"Democracy is not a good thing for Africa. We were all happy to see democracy come to Africa, but it destroyed the human sensibility. To have a democracy, people have to understand democracy, and how can people understand when 85% of the people in the country cannot read or write? They need a benevolent dictator like China has; someone who loves his country and acts for his country."