António Guterres, numa intervenção perante os membros do Conselho de Segurança da ONU, a quem apresentou o seu relatório sobre a situação na RDC, defendeu a necessidade de reforçar a eficácia policial das forças da MONUSCO neste país sem aumentar o contingente.

Para que esse trabalho possa ser feito, Guterres apelou ao Conselho de Segurança que conceda uma prorrogação do mandato da MONUSCO, que é hoje a missão das Nações Unidas mais cara e com mais meios, humanos e materiais, envolvidos em todo o mundo.

Considerando que a situação política na RDC envolve riscos de recrudescimento da violência, quer seja face ao aproximar das eleições, provavelmente em finais deste ano, quer face ao alastrar da violência étnica ou rebelde à quase generalidade do país, deixando de estar concentrada nas problemáticas províncias do Leste, Kivu Norte e Kivu Sul, fronteiriças ao Uganda e Ruanda, é, para António Guterres, justificação suficiente para que o CS da ONU permita prolongar o mandato da MONUSCO.

"A violência de proximidade e os confrontos interétnicos multiplicaram-se e são hoje mais abrangentes geograficamente na RDC, deixando de estar concentrados nas zonas onde os conflitos armados têm já um registo mais alargado no tempo", notou Guterres no seu relatório ontem apresentado ao CS da ONU.

No mesmo documento, o SG das Nações Unidas disse que a violência na RDC está já fortemente implementada nas regiões de Tanganica, nos três Kasai, Central, Oriental e Central, e ainda no Congo Central, alertando ainda para ressurgimento dos assassínios perpetrados pelos guerrilheiros do M23, com consequências trágicas para as populações indefesas, bem como a manutenção de outros grupos de guerrilha, marcadamente alinhados com a exploração de recursos naturais na RDC, diamantes ou coltão, como a ADF, oriunda do Uganda, ou a FDLR, proveniente do Ruanda.

Mas Guterres deixou claro que no topo das suas prioridades está também criar condições para que as eleições, que deverão ter lugar nos próximos meses, e que vão marcar uma transição de poder, com a saída de Joseph Kabila da Presidência da RDC, decorram de forma pacífica.

Recorde-se que o processo eleitoral, cujas datas normais foram todas trespassadas, com a manutenção artificial do poder nas mãos de Kabila por quase mais dois anos que o constitucionalmente permitido, já provocaram confrontos violentos por três vezes em Kinshasa, com bastante mais que 100 mortos confirmados.