De acordo com um relatório divulgado ontem, 9, o Ministério da Saúde da RDC já confirmou 235 mortes por ébola no país, por testes de laboratório, a que se juntam 48 "prováveis", num total de 494 casos, dos quais 446 estão confirmados.

Os números superam os de Agosto de 1976, altura em que se verificou aquele que é considerado o primeiro surto de ébola do mundo, e que, até agora, era o mais letal da RDC.

A actual epidemia, a 10.ª que se verifica no país, afecta o leste da RDC, nas províncias do Kivu Norte e Ituri, junto à fronteira com o Uganda, e as equipas sanitárias debatem-se com graves dificuldades no terreno devido à presença de dezenas de milícias armadas e guerrilhas, como a Aliança das Forças Democráticas (ADF), com origem na Uganda, tendo ocorrido vários ataques, com registo de mortes, às equipas médicas que procuram combater o avanço do vírus.

Este surto, declarado a 1 de Agosto passado, mostra ser mais resistente do que aquele que em Maio deste ano surgiu no Equador, província do oeste da RDC, estando a avançar quase sem controlo porque os diversos grupos armados persistem nos ataques às unidades sanitárias, a quem acusam de estarem a servir para a intromissão das forças militares congoleses nos territórios por eles controlados.

A Organização Mundial de Saúde (OMS), que tem no terreno várias equipas, bem como outras agências da ONU, debatem-se, assumidamente, com o risco de perda de controlo da situação, com a agravante de se tratar de uma região onde estão milhares de refugiados do Ugando e do Ruanda e onde os deslocados internos são igualmente em grande número.

Existe ainda o perigo de alastramento da epidemia para os países vizinhos, o que obrigou o Uganda e o Ruanda a medidas severas de controlo das fronteiras, tal como, aliás, a OMS recomendou a todos os países vizinhos, incluindo Angola.

A exemplo do que faz em relação às recentes epidemias, incluindo a da África Ocidental, a OMS está a recorrer a vacinas experimentais que, apesar de terem resultados positivos anteriores, tardam a mostrar a sua mais-valia, essencialmente porque não está a ser possível assegurar as zonas de vacinação devido aos problemas de segurança.

As questões tradicionais, o recurso a curandeiros locais tradicionais e os hábitos ancestrais de tocar nos defuntos durante as cerimónias fúnebres são igualmente potenciais dispersores do vírus, dificultando o controlo da doença.