Ao mesmo tempo, o Executivo de Mnangagwa, que assumiu o poder após a resignação forçada de Robert Mugabe, desde Novembro do ano passado, fez saber que dos cerca de 1 400 milhões de dólares estimados como tendo saído ilegalmente do país ao longo dos anos, pouco mais de 520 milhões regressaram, aproveitando a amnistia criada para o efeito e que vigorou por três meses.

Logo que tomou posse, Mnangagwa, como o Novo Jornal Online noticiou, informou das suas intenções, sublinhando que "todos aqueles que roubaram o Estado", durante o "reinado" de Mugabe, deviam "aproveitar esta vantagem e devolverem o dinheiro ilegalmente escondido no estrangeiro, ou bens adquiridos com dinheiro ilegal, por forma a evitarem o sofrimento e a ignomínia de serem visitados pelo longo braço da lei".

De acordo com a imprensa zimbabueana, mais de 1 400 nomes estão na lista dos que não quiseram aproveitar a oportunidade, presumindo-se agora que "o longo braço da lei" chegará até suas casas e aos locais onde esse dinheiro não repatriado voluntariamente está depositado ou aos bens adquiridos com essas quantias.

As empresas do sector mineiro e empresários estrangeiros, na sua grande parte chineses, são o grosso da lista hoje divulgada, incluindo empresas conhecidas como a African Associated Mines ou a Marange, que engloba investidores chineses e o Governo de Harare.

Ironicamente, a entidade governamental criada para a zimbabuenização das empresas com capitais estrangeiros, denominada o "Gabinete Nacional de Indigenização", é um dos nomes da lista.

Este é o resultado, para já, da decisão do Presidente Mnangagwa facilitar a vida, como o próprio disse na ocasião, a todos aqueles que "roubaram" dinheiro do Estado e o colocaram no estrangeiro".

Emmerson Mnangagwa referia-se com especial incidência aos que colocaram dinheiro indevidamente retirado ao Estado para o colocarem no estrangeiro, dando cumprimento a uma das exigências da população zimbabueana.

Isto, porque, disse, durante décadas de governo de Robert Mugabe, assistiu à impunidade com que o dinheiro, fruto de corrupção e negócios ilícitos com o Estado, era colocado a salvo no exterior, contribuindo para a gigantesca pobreza que assola o país, onde mais de 90 por cento da população activa está desempregada.

Uma das urgências do novo Presidente do Zimbabué era conseguir fazer entrar dinheiro na economia do país - tendo alcançado os 520 milhões USD de um total estimado em 1 400 milhões - exangue de divisas e de investimento que permita criar postos de trabalho, para satisfazer uma população cansada do desmando da governação de Robert Mugabe e dos públicos abusos da sua mulher, Grace.

Esta decisão surgiu, no entanto, horas depois de ter sido divulgado que o casal Mugabe tinha conseguido uma larga amnistia para toda a vida desde que deixaram o poder, bem como uma gigantesca indemnização de milhões de dólares por terminar o mandato um ano antes do previsto, bem como o pagamento do salário até ao fim da vida, de mais de 140 mil dólares anuais.