A Comissão Eleitoral do Zimbabué já considerou que as eleições gerais, onde foram eleitos os deputados e o Presidente da República, decorreram dentro da normalidade e sem registo de situações de especial cuidado, mas, por exemplo, a observação eleitoral a cargo da União Europeia sublinhou não poder ainda fazer um balanço definitivo, deixando entreaberta a porta para chamadas de atenção quanto à lisura da votação.

Em questão está a manutenção do poder nas mãos da histórica ZANU-PF, cujo candidato era Emmerson Mnangagwa, de 75 anos, Presidente em exercício desde Novembro de 2017, quando Robert Mugabe foi deposto por um golpe militar, ou a tão almejada conquista do poder pelo igualmente histórico MDC, cujo candidato é um jovem de 40 anos, Nelson Chamisa, que já deixou entender que pode contestar os resultados se não somar mais votos que o seu adversário.

Mnangagwa foi Vice de Robert Mugabe até duas semanas antes deste ter sido deposto através de um golpe militar, forçado pela crise severa no país e pela crescente revolta popular, é um dos fundadores da ZANU-PF e foi durante décadas um dos braços direitos do histórico Presidente.

Chamisa é um jovem advogado de Harare, é ainda pastor evangélico e é tido como um dos políticos mais capazes da oposição zimbabueana e tido como muito ambicioso.

As sondagens divulgadas antes da votação mostravam que a disputa seria renhida e que iria ser discutida ao milímetro, o que perspectiva a ausência de uma maioria absoluta e a possibilidade clara de uma segunda volta, onde contará apenas a vitória por maioria de votos.

A contagem dos votos começou logo após o fecho das urnas e os primeiros resultados provisórios poderão ser divulgados entre o final do dia de hoje e as primeiras horas de amanhã. Resultados finais só serão conhecidos 4 a 5 dias após a conclusão da votação.

Depois de o actual Presidente, Emmerson Mnangagwa ter provocado uma pequena revolução no país logo após ter assumido o poder, pela forma como avançou no combate à corrupção, dando uma moratória de 3 meses para que quem retirou dinheiro ilegalmente do país o fizesse retornar - conseguindo reaver quase 500 milhões de USD -, sob ameaça de viçosa perseguição judicial, o desafio seguinte é claramente retirar o Zimbabué da profunda crise em que se encontra a sua economia e fazer o país regressar ao estatuto de parceiro viável para a comunidade internacional, o que 37 anos de poder de ferro de Mugabe volatilizou.

Quem o vai protagonizar só se saberá após a divulgação dos resultados finais, dentro de cinco dias, ou depois da realização de uma segunda volta.

Angola lidera a missão de observação eleitoral da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), que ainda não fez qualquer pronunciamento sobre o balanço que elaborou ou está a elaborar.

No entanto, segundo a imprensa internacional com enviados ao país, a questão mais premente durante o dia de votação foram os significativos atrasos na votação, gerando filas enormes, o que levou alguns eleitores a desistirem.

Nelson Chamisa, face a essa realidade, alertou, nas redes sociais, para a possibilidade de a votação estar a ser atrasada de forma propositada para o prejudicar.

Os observadores eleitorais confirmam os atrasos, mas, segundo um relato da Reuters, estes não pareciam intencionais.