No entanto, a receita para a cura está longe de reunir consensos. Como um paciente que sabe que está mal e não faz ideia do que mais pode fazer para curar-se, o país inteiro percebe que se passa algo profundamente errado. Enquanto se aventa a hipótese de que, no orçamento público, se venha a gastar milhares e milhões de kwanzas para a construção de um ginásio para os deputados na Assembleia Nacional, há quem se aflija nervosamente com as implicações de qualquer aumento da despesa pública com educação pré-escolar.

Para compreender as profundezas da doença que nos apoquenta, temos primeiro de saber identificar as causas por detrás dos sintomas que sofremos. Desde o fim do conflito armado que a nossa sociedade se foi tornando cada vez mais desigual. Graças às isenções, canalização de recursos estatais para as pessoas mais próximas do poder político, inexistência de serviços sociais básicos, de qualidade, impunidade, deficientes mecanismos de controlo das finanças públicas, corrupção, nepotismos e bajulação, o país foi criando dois polos extremos de riqueza e de pobreza.

(Leia este e outros artigos na edição semanal do Novo Jornal, nas bancas, ou através de assinatura digital, disponível aqui https://leitor.novavaga.co.ao e pagável no Multicaixa)