Esta espécie de congresso mundial do futebol, no qual participam dezenas de figuras de top do "desporto rei" à escala universal é uma realização da SoccerEx, entidade que há duas décadas vem reunindo a nata da indústria global do futebol para discutir os principais assuntos relacionados com o desenvolvimento da modalidade enquanto produto comercial. No fundo, é um interface que fornece todo o tipo de plataformas visando conectar o negócio às principais partes interessadas do espectáculo futebolístico.

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A ausência de Angola é tanto inexplicável quanto incompreensível, até porque o futebol nacional é de uma pobreza franciscana e precisa reinventar-se para não sucumbir. A competição doméstica é uma fraude e, como consequência, os resultados nas "Afrotaças" são desastrosos. O negócio, este, não existe e é muito comum, por exemplo, no último terço do principal campeonato haver ameaças de desistência por atrasos salariais, o que inquina a verdade desportiva. O quadro é tão assustador que quando a selecção nacional consegue eliminar adversários sem expressão como as Ilhas Maurícias ou o Madagáscar a farra de celebração é quase interminável.

Mesmo diante de um quadro tão dantesco como o que apresenta actualmente o futebol angolano, os homens que mandam continuam distantes de iniciativas como a "Global Convention", onde se discute tudo e mais alguma coisa para a melhoria do futebol enquanto negócio e indústria geradora de emprego que o país tanto precisa para manter em actividade a sua população activa. É mais fácil vê-los a mendigar parcerias com clubes portugueses sem grande expressão do que participarem em eventos com a dimensão dos realizados pela SoccerEx. Daí, provavelmente, compreender-se o crónico insucesso das nossas representações nas provas africanas, tanto de clubes como de selecções. Só assim se entende que haja clubes que paguem "adeptos" para assistirem jogos da respectiva equipa de futebol!

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