Desse modo, mesmo a contragosto, a maioria das federações cumpriu, embora fora dos marcos estabelecidos pelo MINJUD, ou seja, para lá da data indicada pelo ente governamental que cuida das políticas desportivas do País. Mesmo aqueles que se esgoelaram, arguindo legitimidade para continuar no cargo em virtude do adiamento dos Jogos Olímpicos, tiveram de se conformar ao normativo do MINJUD. Por isso, até Dezembro último, a generalidade das entidades que gere as distintas modalidades desportivas no País realizou os respectivos pleitos eleitorais, cumprindo, assim, com um pressuposto da Lei.

Fizeram-no as principais modalidades do País. A caminhada em busca da conformação legal começou a 31 de Outubro de 2020 no andebol, seguindo-se o futebol a 14 de Novembro e o basquetebol a 22 do mesmo mês, embora o pleito do "desporto das multidões" esteja pendente do julgamento de uma providência cautelar interposta por um dos pré-candidatos junto do Tribunal Provincial de Luanda. Mas, isso são contos de outros rosários. Outras federações de menor expressão competitiva, como a de Hóquei em Patins, Atletismo, a Natação e voleibol já cumpriram com a Lei das Associações Desportivas e com a recomendação do MINJUD. Até a de Judo, que o fez a dobrar, realizando, pasme-se, duas eleições!

Estranhamente, porém, há uma federação que ainda não foi a votos para a obrigatória renovação de mandatos. Trata-se da Federação Angolana de Ciclismo (FACI), liderada por Cremilde Rangel, o que coloca a instituição a pedalar na contramão da legalidade. Aparentemente, nada justifica a postergação da data de renovação de mandato numa federação que sequer tem compromissos internacionais de monta que expliquem o inexplicável. É que, até as modalidades olímpicas, cujos líderes espernearam, para que houvesse adiamento, tiveram que se compatibilizar com a directiva governamental. E note-se que as três principais tinham obrigações competitivas internacionais urgentes e, nem por isso, deixaram de cumprir a Lei.

Desrespeitando de forma grosseira a orientação do MINJUD, a FACI, só passados quase três meses, é que tentou realizar a assembleia que iria marcar o pleito eleitoral. E, mesmo assim, o conclave, ocorrido a 19 de Dezembro último, foi inconclusivo porque a plateia privilegiou discutir o "sexo dos anjos". Uma questão de somenos, como a eleição ou não da pessoa que iria secretariar a assembleia, levou horas a fio, com o que se perdeu tempo útil. Além dessa, outras discussões estéreis tomaram conta da Assembleia, que decidiu concluir os trabalhos a 26 de Dezembro, um dia após o Natal.

Só que à data marcada para a conclusão da AG, que iria agendar a disputa eleitoral, membros da Mesa da Assembleia-Geral (MAG) e da Direcção da FACI não compareceram ao local previamente indicado, deixando os associados horas à espera, numa seca sem igual na história dos processos eleitorais do desporto. Depois, comunicaram aos associados que a assembleia estava adiada. Uma decisão tomada de forma unilateral por Arão Simões de Almeida (o presidente da MAG) e pares, provavelmente "aconselhados" pela presidente cessante. O adiamento "sine die" da sessão de arremate da reunião magna que devia marcar a data da eleição aconteceu sem a aquiescência de grande parte dos associados.

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