Olhando para trás - e é importante nesta equação que nunca deixemos à margem da análise dos factos o estado desastroso em que entregaram o País à nova governação - os seus anteriores responsáveis principais, entre os que tinham funções oficiais e outros que, à margem da lei, mandavam mais do que as estruturas publicamente conhecidas. Afectados de uma maneira ou de outra por algumas medidas higiénicas indispensáveis para ultrapassar a imagem então consolidada no estrangeiro de que Angola era um Estado-pária, é mais do que evidente que a necessidade de se protegerem uns aos outros e aos respectivos interesses aprofundou ainda mais a sua já anterior união. Desde sempre baseada no combinado e distribuído assalto aos cofres do Estado e às riquezas que passaram a ser sua exclusiva pertença, em detrimento de todos nós, a esmagadora maioria da população.

Qualquer economista, seja qual for a visão política que tenha para a saída da grave crise em que nos deixou uma elite que em nada difere das que, há três, quatro dezenas de anos delapidavam África e que o Estado angolano condenava com veemência, explicará que os resultados das medidas levadas a cabo pelo executivo do Presidente João Lourenço só podem produzir efeitos a médio e longo prazos. O que cria um problema grave entre as necessidades imediatas da população e as possibilidades que existem de responder a essas exigências, no imediato. É impossível deixar esquecer que milhões de angolanos se viram deixados à sua própria sorte por uma governação cega, surda e muda, que só queria saber do acumular das fortunas próprias, entre familiares, amigos e aliados, apoiados desde logo por algumas igrejas que se prestaram de imediato a tirar também dividendos dessa "desbunda" generalizada. É inútil fingir que já não nos lembramos de exemplares fotocópias de práticas colonialistas, como a organização de "chazinhos" que ajudavam, dizia essa gente, a matar a fome aos "pobrezinhos" e miseráveis. Enquanto se rebolavam entre Paris, Mónaco, Nova Iorque, Cannes, Lisboa e outras capitais da "sua" civilização, como nababos que nunca teriam como justificar um cêntimo do gigantesco poder financeiro que conseguiram à nossa custa. À custa de todos nós, que trabalhamos, produzimos e criamos riqueza.

A alteração de alguns paradigmas desde logo estabelecida pela acção do Presidente da República provocou um "toca a reunir" que hoje, à medida que as máscaras vão caindo, nos obriga a reconhecer - se calhar um pouco tarde demais - que mais do que nunca essa gente continua ligada, conectada e desdobra-se em intervenções e acções diárias, procurando, a qualquer preço, evitar que algumas das medidas essenciais tomadas depois de Setembro de 2017 não resultem, não dêem frutos. Resumindo, numa só palavra: sabotagem. Pura e simples. Nua e crua. Lembremos, a esse propósito, que desde o início desta legislatura as estruturas ligadas à comunicação social não se têm cansado de aconselhar, de advertir, de avisar da necessidade e importância do papel da comunicação e da resposta tão pronta quanto possível às exigências de uma governação que tem de ser forçosamente cada vez mais aberta, mais transparente.

Só um constante diálogo com a população e o reforço da organização e da capacidade de resposta institucional dos organismos do Estado poderão ajudar a pôr termo a esta "guerra" que vão promovendo diariamente contra Angola e as suas instituições. Depois dos crimes que cometeram, seria suposto - caso tivessem um pingo de inteligência - que se resguardassem nalgum silêncio e com algum pudor. Estávamos enganados. Querem continuar a dominar e a manter o poder perdido. E quando é assim, é preciso cuidado, porque já provaram que não têm limites.