Na passada quinta-feira, por volta das 17h30, passámos por um susto que nos fez viajar para Pedrógão na Tuga, Amazónia no Brasil ou Califórnia nos EUA, tal foi a intensidade do fogo que nos aqueceu a alma. Vínhamos de carro para Luanda, passámos a Quibala, estávamos a chegar à Pedra Escrita, quando vimos a nossa esquerda ao longe fumo e chamas no topo de uma montanha. Assustou-nos, fizemos fotos rápidas com o telemóvel. Conforme fomo-nos aproximando do centro da Pedra Escrita, mais noção do que estava a acontecer tínhamos, e aí o susto passou à mistura de sentimentos de difícil narração, porque já estávamos em paralelo com o tal incêndio há alguns quilómetros e ele continuava por uma extensão grande mais à frente, descendo a montanha. Continuámos a fotografar e filmar, mesmo em andamento, surpresos pela magnitude da catástrofe que continuava a correr mais do que o Bolt na final de 100 metros rasos numa olimpíada. Depois de passarmos pela Pedra Escrita, demos conta que o fogo continuava a fazer-nos companhia, a vir tipo nada, a acenar-nos e, quando menos esperávamos, a seguir a uma curva lá estava ele, gigante, todo armado em bom, a se dar de bué (como se diz lá no beco), a mostrar todo o seu poder, na berma da estrada a bailar arrepiante para fechar a via e nos abraçar com as suas labaredas amarelas avermelhadas que aqueciam o ambiente enxotando o AC do carro que nos transportava. Parámos, medo, o que fazer? Vamos passar pelo fumo e chamas sem saber o que havia do outro lado? Ficamos à espera que o fogo se extinguisse agora que atingiu o asfalto? Antes mesmo de responder às chamas, estavam já na nossa lateral, aquilo foi reagir a tropa, vamos! Atravessámos a cortina de fumo com pingos de chamas e subimos a colina para a Bica d"Água que ficava a quilómetros.

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