Há algumas décadas, em Malanje, a minha amiga Zeca chamava-me a atenção, a mim, um agrónomo, para a vitalidade da natureza quando, em Setembro-Outubro, começam as chuvas nos planaltos e subplanaltos angolanos. É o tempo em que, depois do cacimbo e das queimadas, a paisagem e a vida se renovam. O pasto rebenta, o tortulho aparece e a ginguna (salalé) voa. É o tempo da esperança, a resposta dos akokotos dos antepassados às preces dos agricultores para um ano que proporcione boas colheitas. É a nossa primavera.
Numa das redes sociais um empresário angolano de sucesso escreveu há dias (cito de memória) que desde o 25 de Abril não vivia um momento tão esperançoso como este. Compreendo o seu entusiasmo, embora ache a comparação exagerada. De qualquer modo, depois da guerra e do desastroso período de "reconstrução" nacional, todos temos o direito de sonhar.
(Leia a crónica de Fernando Pacheco na edição semanal do Novo Jornal, nas bancas, ou através de assinatura digital, disponível aqui http://leitor.novavaga.co.aoe pagável no Multicaixa)