José Manuel Zenha Rela nasceu em Portugal mas veio para Angola ainda era uma criança, país onde cresceu, estudou, trabalhou e viveu e que amou intensamente. Conhecemo-nos no Andulo, Bié, em Agosto de 1971, durante o 1.º Curso de Extensão Rural em Angola, organizado pelo agrónomo alemão Herman Possinger. Fiquei logo impressionado pelo conhecimento revelado sobre o território angolano e as suas gentes, pelo modo como ele associava as questões macro da economia e da sociedade, com a vida dos agricultores.

Percebi que estava perante alguém que pensava diferente os problemas de Angola, mau grado o facto de ser na altura um funcionário dos Serviços de Planeamento de nível elevado.

Zenha Rela trabalhou e conviveu com altos funcionários portugueses que estavam a questionar, numa perspectiva económica, a injusta e anacrónica política colonial portuguesa - que se sabia ser quase impossível alterar no contexto da época - e deles bebeu os conhecimentos que haveria de apurar e transmitir mais tarde a uma geração de técnicos angolanos, agrónomos, veterinários e outros, ao longo de mais de uma década.

Tive a felicidade de fazer parte dessa geração. As nossas vidas cruzaram-se pela segunda vez em Agosto de 1975 quando, sob a direcção do Doutor Júlio de Morais, outro exímio conhecedor do país, começámos a ensaiar uma tentativa de criação de cooperativas agrícolas, industriais e de consumo, visando proporcionar apoio técnico e de gestão que desaparecia à medida que os proprietários de unidades de pequena e média dimensão abandonavam o país.

Contra tal tentativa insurgiram-se os defensores da estatização das empresas porque essa era a via mais adequada para o socialismo e que pouco ou nada percebiam da realidade do país.

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