"O país avança quando as suas instituições se fortalecem, quando aumenta a competência dos seus quadros e a sua nomeação e ascensão tem por base o mérito. E também quando a gestão da coisa pública é feita com transparência. Pretendemos assim que o país dê um importante salto qualitativo, melhorando o desempenho dos servidores públicos depois das eleições", disse.

Não poderíamos estar mais de acordo com o Presidente sobre a necessidade de uma aposta estratégica nacional na meritocracia. Como em tudo, esse processo de promoção e escolha com base nos méritos individuais de cada pessoa, ou seja, dos seus esforços e dedicações não é a varinha mágica que vai resolver todos os problemas.

Estamos de acordo que o desenvolvimento tecnicamente mais competente do país se faz de modo mais sustentável se as posições hierárquicas forem ocupadas pelos que possuírem os melhores valores educacionais, morais e aptidões técnicas ou profissionais específicas e qualificadas em determinada área, mas o ambiente à volta é fundamental.

É preciso criar também um ambiente que propicie o mérito, que exija o mérito e qualidade, tal como é preciso criar nas pessoas o hábito de exigirem qualidade nos serviços que lhes são prestados.

A consciência crítica é fundamental para que o mérito seja valorizado, nomeadamente ao nível da exigência e do rigor.

Há limites que não podem ser ultrapassados tal como há uma certa qualidade de serviço público que não pode ser ultrapassada e todos os cidadãos têm de ter consciência disso.

Infelizmente, entre nós, quem critica é duramente insultado, preterido, marginalizado ou visto como um "inimigo", como se todos os filhos da mesma mãe tivessem a obrigação de pensar o mesmo sobre a gestão da casa comum.

Quem critica é tomado logo por alguém que se quer passar por mais esperto que os outros, ou como aspirante ao cargo de quem critica ou ainda como alguém guiado pela inveja.

Ao longo dos anos, especializámos vários grupos afectos ao poder disponíveis para criar e alimentar teorias da conspiração, para desculpabilizar os erros, camuflar a incompetência e assim a nossa sociedade não produz suficiente opinião crítica para produzir qualidade.

O fim último é fazer crer os cidadãos que alguns erros, alguns sinais de incompetência, são processos normais e, enquanto essa visão continuar, a nossa fasquia de avaliação do mérito será tão baixa que o país, ao contrário do que profetiza JES, não avançará nada.

Estamos a um nível em que não queremos apenas alguém com mérito, mas antes pessoas que com mérito nos tragam uma gestão pública de qualidade. Esse ambiente de troca de ideias e pontos de vista ou mesmo de indignação face aos mínimos de qualidade que se exigem é o que conduz também ao sucesso ou o fracasso das políticas públicas junto do cidadão.

(Pode ler este artigo de opinião na íntegra na edição 477 do Novo Jornal, também disponível por assinatura digital, que pode pagar no Multicaixa)