De então para cá, já lá vão 57 anos. O mundo e, com ele, o continente africano viveram mudanças impressionantes.

Em 1963, vivia-se politicamente sob a bipolaridade, com duas superpotências antagónicas, os Estados Unidos da América (EUA) e a ex-URSS, a procurarem influenciar, cada uma a seu modo, o destino dos povos e países africanos.

Hoje vivemos sob a multipolaridade num mundo aberto e global, em que impera a livre circulação de pessoas, de bens e de capitais, com mercados endeusados e desregulados.

No ano em que foi criada a OUA, a tecnologia não possibilitava a obtenção de uma informação instantânea e menos sobre factos ocorridos em qualquer parte do planeta, como hoje sucede, inclusive pelo mero recurso a um telemóvel, revolucionando, por completo, a própria forma de fazer política.

Ainda nessa altura, o regime do apartheid, vigente na África do Sul, e a persistência de guerras coloniais em inúmeros territórios africanos de Angola à Guiné-Bissau, passando pelo conflito sangrento que também se desenvolvia na ex-Rodésia do Sul, atual Zimbabwe, reflectiam sobre consequências da realidade bipolar, que só se alterariam em definitivo com a implosão de um dos pólos da bipolaridade, no caso da ex-URSS.

No período que vai de 1963 aos nossos dias, não é difícil percepcionar que o continente africano não se conseguiu libertar de influências externas desse mundo, inicialmente bipolar, depois unipolar e agora multipolar, acabando por ser vítima e presa dos interesses destas influências.

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