Mesmo que concorrentes ou só em parte conciliáveis, todos os objectivos tendentes a alcançar a redução da desigualdade deveriam merecer a nossa máxima prioridade em 2017.

Nas cidades ou nas zonas rurais, os pobres e os desfavorecidos crónicos não podem falar de desenvolvimento quando não podem obter tratamento médico de qualidade nem conseguem aceder a uma boa educação para o seus filhos e filhas.

Sem educação nem saúde de qualidade, estas pessoas não podem sonhar com um emprego minimamente decente e muito menos não podem participar de modo mais activo na vida política, cívica, económica e social da zona em que vivem.

Neste sentido, o acesso desigual aos recursos e instituições públicas faz com sejam maiores os níveis de privação e pobreza de muitos dos nossos concidadãos. E esta situação deveria ser o ponto de partida de qualquer ideia tendente a reverter o actual quadro económico em que nos encontramos.

Mas a desigualdade e a pobreza não podem ser combatidas apenas mediante soluções técnicas. Elas ocorrem em contextos onde é débil a coesão social, dando aos mais afortunados o privilégio de viver numa sociedade cujo objectivo principal é o de manter os outros (os menos afortunados) do lado de fora e limitar as vantagens para si, seus familiares e amigos.

Esta forma de viver deve ser considerada uma das maiores doenças que uma economia que se preza pode ter, para além de ser uma grande ameaça a nossa democracia, a paz e a unidade nacional.

*Coordenador do Observatório Político e Social de Angola

(Este artigo de opinião pode ser lido na íntegra na edição semanal nº 464 do Novo Jornal, nas bancas, ou em edição digital, que pode pagar via Multicaixa)