Bonga dá os primeiros passos na música ainda em Angola, onde pertenceu a vários grupos, mas começa o percurso profissional com o lançamento do disco «Angola 72», em 1972, na Holanda, cantado inteiramente em Kimbundu.

Para Jomo Fortunato, crítico literário e musical, a vida artística de Bonga pode ser abordada em quatro momentos: o primeiro, no período colonial, caracteriza-se pela passagem pelos «Kissueias do Ritmo», em 1958, com músicas marcadas pelo cancioneiro popular, até à sua primeira composição, "Uejia". O segundo é marcado pela gravação do primeiro disco, «Angola 72», em 1972, com canções que acusavam a nostalgia da sua terra, a influência do cancioneiro popular angolano e a paixão pela musicalidade de Cabo-verde, com a canção «Pisa na fulô». O terceiro momento, com os «Semba Masters», é marcado pela sátira social e política, no período da guerra em Angola, 1980-1992, com canções como «Uma lágrima no canto do olho» e «Água rara». Há ainda um quarto momento, o dos nossos dias, caracterizado pelo retorno ao enaltecimento de figuras típicas dos musseques luandenses. "Bonga é um caso de inequívoca notabilidade histórica e de contínua preservação da memória musical angolana. Artista convicto dos eus ideais, a sua música incorpora o estigma e a afirmação de uma filosofia cultural identitária e está assente em valores cuja absorção teve os seus contornos estéticos na efervescência artística dos musseques de Luanda, nos anos cinquenta", enfatiza Jomo Fortunato.

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