Que têm, desde há anos, uma dupla função: lançar ainda mais confusão na cabeça das pessoas, aumentando a sua ignorância e aprofundando o seu já enorme desconhecimento, tudo em nome de algum sentido de vida que passam a ter, ainda que falso; e enriquecer rapidamente à custa do analfabetismo e do nível de vida degradado da esmagadora maioria dos seus "crentes", que facilmente se deixam levar pela verborreia de milhares de vigaristas, convertidos em pastores e falsos milagreiros.

É evidente que não se trata de uma situação nova, que se foi alastrando e atingindo as raias do absurdo, muito por conta de uma acção política muito mais preocupada, para nosso mal, em adormecer as pessoas, levá-las à inacção e a uma cada vez maior perda dos seus deveres e direitos, em nome de uma cidadania real e palpável, aprendida generalizadamente no pós-independência.

Ao mesmo ritmo que se abriam os caminhos do alcoolismo desenfreado, fechavam-se livrarias, impunham-se preços inaceitáveis para a participação em actividades culturais - com raras e honrosas excepções, diga-se, e a qualidade do ensino e da educação foi-se degradando a todos os níveis.

Em simultâneo, foram crescendo de forma totalmente descontrolada, (ou propositadamente descontrolada), um número infindável de seitas, de pseudo-religiões que, tirando proveito, não apenas da ignorância das pessoas mas também do seu estado de desencanto e tantas vezes de desespero, com facilidade vão atrás de quem, com meia dúzia de palavras, prometa o céu na terra, a cura para enfermidades sem fim (sempre falsas), aumentando ainda mais as condições de miséria e de indigência dessa fatia considerável, que já podemos considerar maioritária da população.

Não é fácil a tarefa do Ministério da Cultura, já de si assoberbado por responsabilidades sem fim, numa área estratégica e fundamental para o país que, também há anos, é o parente pobre na distribuição dos recursos financeiros, quando devia ser, em teoria, um dos que mais devia preocupar os nossos governantes.

Mas já que há muito tempo se devia ter actuado, em particular no campo da proliferação de gente sem escrúpulos, sem moral, que suga as populações até ao tutano, a chamada de atenção do Bispo de ???????M'Banza Kongo vai de encontro aos inúmeros apelos e avisos que fomos fazendo aqui ao longo dos anos.

Não são necessários grandes recursos para desmontar esta teia, estas quadrilhas, que utilizam a crença divina para espalharem mentiras, falsidades, enormidades, tudo isso à custa do dinheiro que vão extorquindo dos milhões de populares que a eles acorrem. E se essas acções foram acompanhadas de políticas sociais de grande repercussão, como a integração das crianças fora do sistema de ensino, a melhoria do abastecimento de água e de electricidade, o acesso a baixo custo à leitura, ao estudo, e a um sem-fim de actividades culturais, que naturalmente, levam as pessoas a evoluírem e a passarem a outro estágio da evolução, mais facilmente nos veremos livres dessa nova "guerra" que travamos e da qual andamos a sair derrotados.

As medidas administrativas, criminais, serão cruciais, mas têm de se integrar numa política global de resolução de problemas básicos de sobrevivência, que façam com que os cidadãos ganhem consciência que a solução dos grandes e dos pequenos problemas passam por todos nós, inclusivamente por eles próprios.

E que a acção colectiva, a começar nas pequenas e grandes comunidades rurais até às grandes cidades, é crucial para que cada um volte a aprender, como na primeira década da nossa Independência, os direitos e deveres que cada um de nós tinha, tem e continuará a ter. É preciso começar esta batalha. Rapidamente.