De acordo com um alto quadro do Ministério da Saúde, na altura ponto focal das autoridades nacionais nos contactos com a Organização Mundial da Saúde (OMS), durante essa epidemia de cólera, o Governo angolano orientou-o no sentido de ocultar os dados reais dos casos diários fornecidos à OMS e, consequentemente, divulgados internacionalmente.

Nesse contexto, o referido técnico de saúde adoptou a seguinte estratégia: passou a eliminar um zero das cifras dos novos casos diários, reportando, por exemplo, 20 casos onde havia 200.

Esta história de triste memória vem a propósito da forma como, na Páscoa, a Embaixada de Angola em Portugal encarou o problema da contaminação com Covid-19 dos doentes angolanos da Junta Nacional de Saúde, instalados na Pensão Luanda, em Lisboa.

A primeira estupefacção, neste caso, foi perceber, através das TVs portuguesas, a ausência de elementos da Embaixada no local de onde os angolanos estavam a ser transferidos pelas autoridades portuguesas, como medida preventiva de combate ao coronavírus naquele local, numa acção que contou com a presença activa do responsável pela saúde do município de Lisboa.

Com essa fuga, os representantes do Estado angolano em Portugal evitaram um pronunciamento sobre as condições indignas em que vivem os doentes alojados na Pensão referida e muito bem denunciadas pela presidente da Junta de Arroios (freguesia onde está localizado o estabelecimento em causa), quando escreve: "É lamentável. Eles colocam quatro pessoas por quarto. E o Governo Angolano nem a Embaixada nada faz. Há muitas pessoas que vivem na pensão sem apoios suficientes para comerem e viverem".

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