O Chefe de Estado português, citado pela rádio TSF, considerou que Angola, com a atitude de João Lourenço, mostrou que as relações entre Luanda e Lisboa estão a atravessar um bom momento, enfatizando o facto de o Presidente angolano ter proposto o calendário da sua visita oficial a Portugal antes da realização da visita oficial do primeiro-ministro português, no dia 18, a Angola.

"O senhor Presidente da República de Angola quis, num gesto muito simpático, antecipadamente propor uma data em Novembro para a concretização da sua vinda a Portugal. O que é um gesto de quem quer mostrar que as relações entre os dois países estão francamente boas", disse Marcelo, citado pela rádio portuguesa.

Sobre a deslocação do primeiro-ministro António Costa a Luanda, Marcelo Rebelo de Sousa, que, depois da sua vinda a Angola para a tomada de posse de João Lourenço, foi rebaptizado nas redes sociais como "Ti Celito" pela forma como se misturou com o povo de Luanda, afirmou a sua convicção de que essa deslocação se vai revistir de "grande êxito".

O mesmo pensa e quer que seja a visita oficial de João Lourenço a Portugal a 23 e 24 de Novembro.

Um novo capítulo

Com as deslocações oficiais de João Lourenço a Portugal a 23 e 24 de Novembro e a de António Costa a Angola no dia 18, Angola e Portugal abrem um novo capítulo nas relações bilaterais.

Isto, porque, se por um lado, João Lourenço já tinha afirmado publicamente que, depois de resolvido o imbróglio criado pelo envolvimento do ex-Vice-presidente, Manuel Vicente, num processo judicial em Portugal, estavam criadas as condições para a retoma das boas relações entre Luanda e Lisboa, a verdade é que no momento anterior à deterioração desse relacionamento, ainda era José Eduardo dos Santos que capitaneava a governação angolana.

Com a deslocação de António Costa a Angola e a de João Lourenço a Portugal, a relação, quase sempre considerada de excelente, entre os dois Estados, está agora de volta à navegação longe da tempestade recente.

Aparentemente, embora ainda não sejam conhecidos os programas oficiais de uma e de outra visita, tudo indica que os dois países pretendem reforçar a componente económica das relações entre Luanda e Lisboa, como, de resto, o afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros português.

Augusto Santos Silva, que acompanhou de perto todo este processo, porque tinha estado em Luanda, no início de 2017, a preparar a então programa visita de Costa a Luanda antes de rebentar o "caso" Manuel Vicente, o que levou à anulação dessa visita e ainda da visita da ministra da Justiça portuguesa, Francisca Van-Dúnen, afirmou recentemente que os laços comerciais e de investimentos entre Portugal e Angola são "muito intensos", o que impõe uma dimensão relevante à economia nos programas das duas deslocações oficiais.

Certo parece também estar a assinatura de um novo programa de cooperação.

De lembrar que João Lourenço, em declarações aos jornalistas, após ter discursado no Parlamento Europeu (PE), em Estrasburgo, em Julho, assegurou que as relações com Portugal "estão boas" e que visitaria o país logo que estivessem criadas as condições.