Nós em Angola não queremos o extremismo, à semelhança do que acontece em outras partes do mundo. As detenções não resolvem problemas, pelo contrário agudizam a situação", disse ao NJOnline Raúl Tati.

Na opinião do deputado, o Presidente da República, João Lourenço, tem "algo melhor" em relação ao seu antecessor, José Eduardo dos Santos, que deixou "muitos pendentes" por resolver em relação à província de Cabinda.

"Queremos que o Presidente João Lourenço faça algo melhor em relação ao povo Cabinda que, não consegue manifestar ou expressar a os seus pensamento em liberdade e quem o faz é sempre preso", disse.

Segundo Raúl Tati, as autoridades da província de Cabinda não respeitam o artigo 40º da Constituição que diz que garante a liberdade a todos para exprimir os seus pensamentos, informar e ser informado "sem impedimentos nem discriminações".

"Pelas informações que temos, o número de activistas dos direitos humanos detidos subiu para 77. É uma situação que mancha a imagem do governo de Cabinda e o Governo central", referiu, defendendo ainda que "o que se passa em Cabinda é um assunto político".

Raúl Tati lembrou que recentemente visitou à província de Cabinda, onde recebeu garantias do Governo local, da PGR, SIC e Serviços Prisionais de que as situações do género já não deveriam acontecer.

Recorda-se que as detenções começaram no princípio deste ano, quando o Movimento Independentista de Cabinda (MIC) pretendia realizar uma "marcha pacífica" para assinalar o 134.º aniversário da assinatura do Tratado de Simulambuco (1885), documento que está na base da luta pela independência.

O Tratado de Simulambuco foi assinado em 01 de Fevereiro de 1885, pelo representante do Governo português Guilherme Augusto de Brito Capello, então capitão tenente da Armada e comandante da corveta Rainha de Portugal, e por chefes e oficiais do reino de N'Goyo.

O tratado colocou Cabinda sob protectorado português e foi elaborado antes da Conferência de Berlim, que dividiu África pelas potências coloniais europeias.

É sob o conteúdo deste tratado que os movimentos independentistas de Cabinda têm exigido a intervenção das autoridades portuguesas na procura de uma solução para o problema do território.