A reivindicação da oposição surge na sequência da celebração do Dia de Herói Nacional que acontece amanha, quinta-feira, 17, em homenagem a Agostinho Neto, um dos três líderes dos movimentos de libertação de Angola, fundador do MPLA, partido que governa o País desde a sua independência, a 11 de Novembro de 1975.

A oposição contactada pelo Novo Jornal não compreende que passados 18 anos de paz efectiva em Angola, o Governo liderado pelo MPLA "persista no silenciamento dos feitos de Jonas Savimbi e de Holden Roberto".

Alcides Sakala, deputado da UNITA, defende que "para uma verdadeira reconciliação nacional em Angola, algumas instituições públicas deveriam também levar os nomes de Jonas Savimbi e Holden Roberto".

"São figuras históricas do nosso País, porque deram um grande contributo que culminou com a independência de Angola", apontou Alcides Sakala.

O dirigente da UNITA afirmou ainda que os jovens, muitos dos quais desconhecem as figuras históricas nacionais, com a homenagem destas pessoas, passariam a ter uma oportunidade de reencontrar a história.

Pela CASA-CE, Manuel Fernandes, expôs também que esta acção "é muito importante" porque, além da valorização da história, tem um grande significado no que diz respeito à reconciliação nacional.

"Hoje só são homenageadas figuras do partido no poder. Ruas, avenidas e praças com nomes de personalidades estrangeiras, relegando para último plano os patriotas que muito fizeram para a independência do nosso País", considerou.

O secretário-geral da organização juvenil do partido FNLA (JFNLA) Kiaku Samuel Kiala, autorizado para falar em nome do partido, lamentou o silêncio do Governo do MPLA relativamente as acções de Jonas Savimbi e Holden Roberto, durante e depois da luta de libertação nacional.

"Ninguém pode ocultar os feitos de Jonas Savimbi e Holden Roberto. São figuras de referência obrigatória em Angola", resumiu.

Luanda acolhe o acto central

A província de Luanda acolhe este ano o acto central das festividades oficiais em alusão ao 17 de Setembro, Dia do Herói Nacional, que decorrem em todo o País de 01 a 25 deste mês, sob o lema " Angola 45 anos: Unidade, Estabilidade e Desenvolvimento".

Segundo uma nota do Ministério da Administração do Território e Reforma do Estado (MATRE), o programa visa enaltecer a figura e a obra de António Agostinho Neto, tendo em vista o seu esforço na libertação de Angola, de Africa e em particular da região da África Austral.

O vice-presidente da República, Bornito de Sousa, vai presidir ao acto na província de Luanda, em representação do Presidente da República, João Lourenço.

Nascido a 17 de Setembro de 1922, na aldeia de Kaxicane, no município de Icolo e Bengo, na província de Luanda, Agostinho Neto era médico de profissão e poeta tendo falecido em 10 de Setembro de 1979, em Moscovo, por doença.

Família dissocia-se de actos de corrupção

Na véspera de mais um aniversário, os irmãos de Agostinho Neto, primeiro Presidente de Angola, apelaram às autoridades, à sociedade e à comunicação social que dissociem o nome do Herói Nacional e da família do processo que envolve transferências avultadas de dinheiro da seguradora AAA para o exterior.

Num comunicado publicado distribuído à imprensa, José Agostinho Neto e Irene Agostinho Neto, irmãos do primeiro Presidente de Angola, declaram, "categoricamente", a demarcação dos actos que estão a ser investigados pela Justiça, afirmando que "em momento algum tiveram conhecimento" dos mesmos.

"É importante não estabelecer uma relação entre a matéria sob investigação e o legado histórico da nossa Nação, menosprezando a honra e a glória devida ao Guia Imortal", refere a nota.

Os dois irmãos referem que, na qualidade de herdeiros do Reverendo Agostinho Pedro Neto e de Maria da Silva Neto, pais de Agostinho Neto, pautam as suas vidas pela educação transmitida pelos pais, que tem como valores o amor à pátria, a solidariedade, o respeito ao próximo, a moral e a ética.

A nota surge na sequência de investigações que envolvem o empresário angolano Carlos de São Vicente, marido de Irene Neto, filha de Agostinho Neto, suspeito de transferir ilegalmente mais de 900 milhões de dólares da seguradora AAA para a Suíça.