"A metodologia adoptada para as discussões do Pacote Legislativo Autárquico tem reflectido claramente esta falta de vontade política do Executivo angolano para realizar este anos as eleições autárquicas", disse ao Novo Jornal o deputado da UNITA Alcides Sakala.

Para o deputado que faz parte do Comité Permanente do maior partido da oposição, "é fundamental envidar esforços ao nível da Assembleia Nacional para se concluir com as discussões do pacote legislativo autárquico, durante este ano legislativo que vai até 15 de Agosto".

"Já se avançou bastante e de uma forma geral prevaleceu o consenso, um espírito que é necessário encorajar", acrescentou.

Segundo o parlamentar, "as autarquias são muito necessárias, não só para a promoção do desenvolvimento das comunidades locais, como também para o aprofundamento da democracia na base do princípio de governação participativa e afirmação da própria reconciliação nacional".

O ex-porta voz da UNITA concluiu que, "pelos pronunciamentos do Executivo angolano, fica-se claramente com a percepção de que as eleições autárquicas não terão lugar este ano".

Questionado se a pandemia Covid-19 é grande obstáculo para a realização das autarquias, respondeu que o vírus "surgiu em Dezembro de 2019 na China, espalhou-se pela Europa e no resto do mundo nos meses seguintes e hoje há um esforço internacional conjunto, apoiado pelo OMS, para se encontrar uma vacina", disse Sakala, defendendo que os políticos devem manter foco na realização das autarquias, passado este período difícil.

Disse que a institucionalização das autarquias não pode ser "a dor de cabeça", considerando que os políticos assumiram este processo como sendo de interesse nacional, consagrado da Constituição da República.

"Contudo, estarão em discussão duas perspectivas: uma, defendida pela UNITA, assente no gradualismo funcional e, a outra, defendida pelo partido que sustenta o Governo, assente no gradualismo geográfico. Poderá ser uma questão fracturante que vai merecer um debate parlamentar muito profundo", frisou.